terça-feira, 15 de novembro de 2011

POST 1030: SEREMOS INVESTIDORES DE PRIMEIRO MUNDO? Por André Massaro

Alguém já ouviu falar que o Brasil é a “bola da vez”? Ou que estamos finalmente indo rumo ao olimpo dos países desenvolvidos, que popularmente chamamos de “primeiro mundo”? Vamos deixar agora qualquer ceticismo (saudável) de lado, e vamos imaginar que o Brasil realmente vire uma economia desenvolvida.

O que isso significará para os investidores e, principalmente, para aqueles que estão fazendo planos para a tão sonhada aposentadoria? Afinal, o que significa ser “primeiro mundo” no que se refere a investimentos? Talvez eu não consiga responder isso de forma satisfatória, mas tenho uma pista: taxa de juros.

Hoje a taxa SELIC, que é a taxa primária brasileira, está em 10,25% ao ano. A taxa teve alguns aumentos recentemente. Estava em 8,65% a.a. há poucos meses. Mas o nível atual pode ser considerado historicamente baixo se considerarmos que a mesma taxa era maior que 25% ao ano há aproximadamente oito anos. E já esteve inclusive bem acima disso, como por exemplo, em meados de 1998 e 1999, um período particularmente turbulento para a economia brasileira e mundial.

As altas taxas de juros trouxeram vários malefícios para a economia brasileira. Negócios deixaram de acontecer e empresas deixaram de crescer por causa da inviabilidade de buscar recursos no mercado, mas tão ruim ou pior que isso foi ter criado uma geração de investidores “viciados em renda fixa”, que ganharam fortunas emprestando seu dinheiro ao governo, que paga taxas altíssimas sem nenhum risco.

Muitas pessoas que vivem de rendimentos da chamada “renda fixa” estão felizes com esses aumentos recentes da taxa de juros, e algumas inclusive sonham com o retorno das taxas de 2002. Mas me parece que agora temos uma escolha pela frente: ou o Brasil vai para o primeiro mundo, ou será um país que paga altas taxas de juros. É bastante improvável que tenhamos as duas coisas simultaneamente.

Para tanto, basta ver quais são as taxas de juros primárias (equivalentes à nossa SELIC) praticada em alguns países do mundo. Vamos começar pelos Estados Unidos – hoje aquele país paga estonteantes 0,25% ao ano aos aplicadores. A Zona do Euro, que está atualmente enfrentando a maior crise de sua história, pratica uma taxa quatro vezes maior – exatos 1% ao ano. Nada animador perto dos padrões brasileiros, não é mesmo?

Japão segue com 0,10% ao ano, Canadá com 0,50%. Entre os países de primeiro mundo, existem alguns pontos fora da curva, como a Austrália (com 4,50% ao ano), e a Islândia, país que “faliu” recentemente, pagando 8,50% ao ano. Mas a regra entre países desenvolvidos é uma taxa ao redor de 1% ao ano ou menos.

E quem atualmente paga taxas superiores às do Brasil? Uma boa opção é a Venezuela, do camarada Hugo Chávez, que paga 20,38% ao ano. Ou então o Paquistão, país preferido dos talibãs para “tirarem suas férias”, pagando 12,5% ao ano. Para que lado iremos, afinal?

Não sei se nos tornaremos uma economia desenvolvida (quero crer que sim), mas confesso que me assusta ver pessoas planejando sua aposentadoria décadas à frente baseadas em taxas que são absolutamente irreais para os padrões de países desenvolvidos e sérios.

Vejo gerentes de bancos e vendedores de seguradoras fazendo simulações e mostrando aos seus clientes como poderão se aposentar confortavelmente daqui a 30 anos com planos de aposentadoria privada baseados exclusivamente em renda fixa.

Só não falam que as taxas de juros utilizadas nessas simulações são taxas de países de “quarto mundo” (caso das nossas, atualmente), e esses planos não garantem um pagamento mínimo quando começar o período de benefício (algo que, aparentemente, muitas pessoas não querem enxergar).

Para finalizar, tenho duas perguntas: Você quer que o Brasil entre para o clube dos países desenvolvidos (não sei você, mas eu gostaria)? Se isso acontecer, você está preparado para se aposentar em uma realidade onde as aplicações financeiras mais seguras poderão render até 90% a menos do que rendem hoje? Afinal, qual o seu plano?

Posso afirmar que é hora de arriscar, e principalmente arriscar com segurança em relação a outros tipos de investimentos, assim como  talvez em um negócio próprio, em ações com pouco risco, enfim procurar uma nova saída.

OBS: Esse texto foi escrito há algum tempo já mas é totalmente atual, vale a leitura.

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André Massaro
Administrador de empresas pós-graduado em economia.
Já foi executivo financeiro, consultor e investidor profissional.
Mais de André Massaro AQUI 

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