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segunda-feira, 1 de abril de 2013

POST 1922: CAPITALISMO TUPINIQUIM. Por Ricardo Amorim


Segundo estimativas da empresa de pesquisa de mercado IHS iSuppli, os componentes de cada iPhone 5 de 16GB custam R$388,00 e sua montagem R$15,00, totalizando R$403,00. Ao conhecer esta informação, a maioria dos brasileiros tem dois tipos de reação. Uns ficam indignados com os lucros abusivos da empresa. Outros a defendem, apontando custos não computados, como distribuição e impostos, por exemplo. Portanto, os lucros seriam “normais”.

Efetivamente, no Brasil os impostos respondem por uma parcela significativa da diferença. O mesmo aparelho que é vendido por R$1.265,00 nos EUA, custa R$2.600,00 aqui. A maior diferença vem de impostos. No Brasil, ao comprarmos um iPhone, pagamos dois, um à Apple, outro ao governo.
Além disso, em nossa sociedade que demarca diferenças socioeconômicas pelos padrões de consumo, os consumidores dispõem-se a pagar preços que, em outros países, fariam o produto encalhar. Isto permite que as empresas tenham margens de lucro mais elevadas aqui.
Estas distorções não afetam apenas o preço do iPhone, mas de tudo que compramos aqui. Pelo preço de uma Ferrari 458 Spider no Brasil, compra-se o mesmo carro, um apartamento e um helicóptero em Nova York.
Devido ao péssimo uso dos recursos arrecadados, nossos impostos elevados causam-me particular indignação, mas outra distorção brasileira preocupa-me ainda mais. Associamos lucros a bandalheira e, portanto, margens de lucro altas precisam ser limitadas ou, no mínimo, justificadas.
Nos EUA, o iPhone  que custa R$403,00 para ser produzido é vendido por R$1.265,00. Mesmo descontando impostos – ainda que menores do que os nossos – e outros custos, sobra à Apple uma margem de lucro gorda, explicando porque ela se tornou a mais valiosa companhia do planeta. Lá, lucratividade elevada é considerada mérito pelo trabalho bem feito, neste caso particularmente em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e marketing. Por aqui, o lucro é o capeta, razão de desconfiança e vergonha.
Se não mudarmos nossa mentalidade, o Brasil nunca será um país rico. Ou acabamos com as distorções de nosso modelo econômico ou seremos o país do futuro do pretérito. Ao contrário do que pensam muitos, a valorização do lucro não precisa ser antagônica à melhora do padrão de vida da população como um todo. Aliás, pode e deve ser exatamente o contrário, como provam os países nórdicos.
No Brasil, isto teria de começar por uma intromissão muito menor do Estado na economia. É na promiscuidade do público com o privado que surge a maioria das distorções que mancham a percepção da opinião pública brasileira quanto ao lucro. Em uma economia onde o Estado é onipresente, com frequência é mais lucrativo ser amigo do rei do que acertar as decisões empresariais ou inovar. A partir daí, lucro vira pecado.
Infelizmente, o contrário tem acontecido. Nos últimos anos, o montante de recursos que o Estado desvia da iniciativa privada através de impostos tem aumentado, assim como as intervenções na gestão de empresas públicas e privadas. Salta aos olhos o papel crescente do BNDES. Capitalizações com recursos públicos superiores a R$300 bilhões desde 2008 permitiram que ele se tornasse um acionista importante em várias grandes empresas brasileiras. Além do risco aos cofres públicos, este processo reforçou a percepção de que temos um capitalismo de compadres. Muda Brasil, enquanto é tempo.

Ricardo Amorim
Formado pela Universidade de São Paulo, com pós graduação pela ESSEC de Paris, o economista Ricardo Amorim foi um dos poucos que anteciparam a crise elétrica brasileira de 2001, a crise imobiliária americana de 2008, a crise européia de 2010 e suas consequências.
Mais de Ricardo Amorim AQUI


sábado, 8 de dezembro de 2012

POST 1908: SOCORRO! ESTAMOS EXPORTANDO CONSUMIDORES. Por Ricardo Amorim

 
Na semana passada fui a Nova York a trabalho. Como bom brasileiro, aproveitei para fazer umas comprinhas. Fiquei chocado. Em todas as lojas em que entrei, sem exceções, muitos brasileiros também compravam. Políticas econômicas equivocadas estão exportando nossos consumidores. Fico imaginando o que estará acontecendo em Miami…


Há tempos se afirma que as dificuldades da nossa indústria são causadas por um real excessivamente forte. Com esse diagnóstico, o governo taxou investimentos estrangeiros e gastos em viagens, dificultou a entrada de produtos importados por meio de mais impostos e medidas regulatórias, e acumulou muitos bilhões de dólares em reservas internacionais. Sozinha, a última medida custará mais de R$ 50 bilhões só neste ano. Somadas a uma conjuntura internacional, que reduziu nossas exportações e levou multinacionais europeias e americanas a repatriarem capitais, tais ações impulsionaram a cotação do dólar de R$ 1,50 a pouco mais de R$ 2 nos últimos meses.


Problema resolvido, certo? Não, muito pelo contrário. Este ano, a produção da nossa indústria até agora foi 3,5% menor do que no mesmo período do ano passado. Os desafios para a indústria são muitos, começando pela concorrência com produtos chineses e passando pela contração dos mercados de consumo nos EUA e na Europa e, consequentemente, excesso de capacidade industrial instalada no mundo após a crise de 2008. Some-se a isso uma enorme mudança socioeconômica no País desde 1994 que se acelerou nos últimos anos.


Só entre 2005 e 2011, 47 milhões de brasileiros emergiram das classes D e E, passando a gastar uma parcela maior de sua renda com serviços – telefonia, educação, turismo, saúde – e menor com produtos industrializados.


Não deveria surpreender a ninguém que a indústria foi, sistematicamente, o setor com o pior desempenho da economia brasileira nos últimos anos. Desde 2004, o varejo e o atacado, impulsionados por uma forte expansão de renda e crédito, cresceram mais do que a indústria em todos os anos. Não apenas as vendas, mas também os preços do setor de serviços vêm crescendo mais do que na indústria. O agronegócio e toda a cadeia de matérias primas metálicas, minerais e de energia cresceram e tiveram ganhos de preços ainda maiores, alimentados pela fome chinesa. Por fim, impostos elevados e baixos investimentos em infraestrutura, devidos a altos gastos públicos e desvios de verbas, prejudicam particularmente a indústria.


A novidade que percebi nas lojas de Nova York é que os efeitos maléficos da carga tributária sobre a competitividade e o crescimento brasileiro atingem, cada vez mais, setores tradicionalmente protegidos, onde não havia competição internacional. Maior facilidade de transporte e avanços do comércio eletrônico permitem que produtos antes adquiridos na lojinha local sejam agora comprados em qualquer lugar do planeta.


Por que tudo aqui é tão caro? Impostos. No mundo emergente, apenas três países têm carga tributária mais alta do que o Brasil. Ao tornar produtos feitos ou vendidos no Brasil mais caros do que no resto do mundo, nossos impostos estimulam os consumidores brasileiros a comprar em outros países, debilitando não apenas a indústria, mas também os setores de comércio e serviços. Até quando?

 
Postado originalmente em Revista IstoÉ 07/2012.
Ricardo Amorim
Formado pela Universidade de São Paulo, com pós graduação pela ESSEC de Paris, o economista Ricardo Amorim foi um dos poucos que anteciparam a crise elétrica brasileira de 2001, a crise imobiliária americana de 2008, a crise européia de 2010 e suas consequências.
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domingo, 2 de dezembro de 2012

POST 1888: ENTENDA ESSE PÍFIO CRESCIMENTO DO PIB. Por Stephen Kanitz

Dilma está preocupada e convocando economistas para entender porque o Brasil não cresce além do crescimento populacional. Um fiasco e tanto.

Ela usou todos os conhecimentos da ciência econômica: estímulos fiscais, redução de juros, PAC, bolsa família e bolsa consumo, empréstimos políticos via BNDES a juros de amigo, e nada.

Guido Mantega, outro economista no governo, além de não ter previsto o fracasso, diz que "nós economistas não sabemos ainda o que aconteceu". Assustador.

DIlma anda perguntando como aumentar os "espíritos animais dos empresários" e como "tirá-los do armário", uma falta de tato mercadológico ainda mais assustador.

Eliana Cardoso, economista do MIT, faz uma importante mea culpa no o Estadão de 28/11/2012.

"Nós economistas pulamos da fase teocrática para a caótica, o que explica tantas falhas no entendimento do nosso desenvolvimento". Parabens Eliana.

Finalmente, diz Eliana, poucos economistas ainda acreditam em Caio Prado Jr. em Formação do Brasil Contemporâneo, e Celso Furtado em Formação Econômica do Brasil, adotados por 40 anos nas melhores escolas.

"Também desacreditada fica a hipótese de uma produção para a exportação", grande bandeira dos economistas da Cepal.

E agora vem a nova descoberta de Eliana.

"O desenvolvimento da economia depende dos empresários inovadores".



Não acertam uma. Eliana mostra o seu total desconhecimento do Brasil administrativo, mais "uma falha de entendimento".

Robert Coase, que se intitula "Prêmio Nobel De Economia", escreve um poderoso artigo
Precisamos Salvar a Economia dos Economistas, que todo economista deveria ler.

Tese que este blog vem defendendo há 40 anos e aceito de bom gardo o apoio de um Robert Coase. Obrigado, poderia ter me apoiado antes.

Nunca tivemos no Brasil empresários inovadores, Eliana, e não foram eles que fizeram o país crescer.

Nossos empresários foram copiadores.

Copiavam inovações que deram certo nos Estados Unidos e introduziram estas inovações no Brasil.

Roberto Marinho introduziu "television", Abílio Diniz o "supermarket", Walter Moreira Salles, o "retail banking", Roberto Young "franchising", Bob's introduziu o "fast food", sem falar da "internet", "email", "blog", "leasing", "credit card", etc..

No Brasil, esta teoria de "empresários inovadores" é furada. Basta ver as nossas patentes.

O que é triste, Dilma, Eliana, e jornalistas como Celso Ming, estão na realidade copiando teorias econômicas de Shumpeter e Coase, e não pesquisando a realidade brasileira.

Mais uma categoria de "copiadores", como nossos empresários.

E nem copiar direito souberam.

Muitos dos nossos setores foram copiados muito mais tarde do que deveriam, outros vieram muitos antes.

A Revista Veja amargou prejuízos por 11 anos seguidos, colocando a própria Abril em risco.

Por outro lado, a edição Melhores e Maiores, cujo lucro foi imediato, e que manteve a revista Exame por 11 anos no equilíbrio, mostra que deveria ter sido introduzido muito antes, mas não foi.

Estes senhores supriram é "capital", não inovação, capital muitas vezes de amigos no BNDES ou Banco do Brasil, a juros subsidiados.

Assim até eu.

Portanto estes "empresários" brasileiros não foram assim tão necessários, não inovaram, simplesmente copiaram e supriram capital.

Quem fez estas empresas crescer foram seus administradores que implantaram as suas ideias, copiadas.

Tanto é que nos Estados Unidos, Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zukerman não eram "empresários" e sim alunos e sem capital.

As próprias Universidades os estimulavam a criarem empresas, quando aqui estimulam os alunos a nunca trabalhar numa empresa e sim ter um emprego público.

O Brasil não cresce, porque está nas mãos de pessoas que confessadamente não entendem nada deste Brasil.

Não foi a "visão" de Abílio Diniz, Walter Salles, que fez suas empresas crescerem. Foram os executivos destas empresas.

Quer saber como fazer o Brasil crescer ?

Basta seguir o conselho de Eliana Cardoso, Robert Coase, e tantos outros.

Precisamos salvar a economia brasileira dos economistas.

Agora não sou eu somente que digo isto. Até que enfim.
 
 
 
Texto de Stephen Kanitz
Administrador, Conferencista e Escritor.

domingo, 25 de novembro de 2012

POST 1869: MANTENHA A SANIDADE MENTAL (E FINANCEIRA) NESTE FINAL DE ANO. Por André Massaro

Os finais de ano costumam ser épocas extremamente estressantes do ponto de vista financeiro (às vezes de outros pontos de vista também). Especialistas em finanças pessoais costumam ser bastante requisitados nessa época, especialmente pela mídia, que busca dicas de como utilizar melhor o 13º salário, como otimizar os gastos com presentes e festas e como planejar as férias que já deviam estar planejadas meses atrás…
Vamos, então, ver um apanhado dos assuntos financeiros que tipicamente tiram o sono das pessoas nessa época do ano e o que se pode fazer para sobreviver e manter um mínimo de sanidade para começar o novo ano da melhor forma possível.
13º salário
Aqui não há muito o que discutir. Quem tem dívidas, deve utilizá-lo para pagar essas dívidas. Num país onde alguns instrumentos de crédito têm taxas de juros superiores a 200% ao ano, não se deve “marcar bobeira” de jeito nenhum.
Quem não tem dívidas pode se dar ao luxo de direcionar essa verba para o consumo, mas ainda assim é interessante pensar em investir.
Presentes
O ideal é sempre comprar os presentes de final de ano ANTES do final do ano. Naturalmente, pouquíssimas pessoas fazem isso; afinal, somos o povo que sempre deixa tudo para a última hora…
Aqui vale a velha e boa lei da oferta e da demanda. Com a demanda alta, não espere dos comerciantes boa vontade para facilitar a vida dos compradores. As margens de negociação ficam bem reduzidas em situações assim. Por isso, deve-se pensar em outras formas de economizar aqui, como fazer uso intensivo da internet para comparar preços ou apelar para o tradicional “amigo secreto”, para evitar comprar presentes para cada parente individualmente.
Se a situação estiver meio apertada, não tenha o menor pudor em não dar presentes, especialmente para aquelas pessoas que, de alguma forma, não estão merecendo desfrutar do seu “espírito natalino”. Isso vai doer na hora mas, acredite, você se sentirá muito mais leve depois…
Férias
Mais uma vez, a lei da oferta e da demanda é implacável aqui. É o pior momento possível para fazer planos de férias. Se você não planejou suas férias ainda, o ideal é que você simplesmente não faça nada.
Se for absolutamente necessário viajar, defina bem o objetivo da viagem (não gaste uma fortuna no hotel mais caro se tudo o que você precisa é apenas um lugar para dormir e tomar banho), faça um orçamento e evite ao máximo financiar a viagem, pois no futuro você estará pagando por algo que será apenas um conjunto de lembranças em sua memória.
Impostos
“Nada é certeza, exceto a morte e os impostos”, já dizia Benjamin Franklin. Não se esqueça de colocar essa “inevitabilidade” em seu planejamento financeiro. O Big Brother está de olho em você (e NÃO estou falando de um programa de televisão)…
Feliz ano novo?
Um final de ano que se preze precisa ter planos e promessas (que provavelmente não serão cumpridos). Uma das promessas mais populares (talvez só perca para a dieta) é “este ano colocarei minhas contas em ordem”.
As pessoas sempre perguntam “como começar o ano com as contas em ordem?” Essa é fácil de responder: “basta terminar o ano com as contas em ordem” (eu sei, não era a resposta que você esperava…).
Se suas contas estão bagunçadas agora, provavelmente não há muito o que fazer para começar o ano com as contas em ordem (vamos ser realistas), mas pense agora em como será o final de 2012 (lamento informar, mas acho que não é desta vez que o mundo vai acabar!). Como você gostaria de começar o ano de 2013?
Esqueça os planos mirabolantes e concentre-se em viver o ano de 2012 seguindo o ensinamento máximo da boa gestão de finanças pessoais: “viva de acordo com seus meios”. Os começos de ano são épocas em que renovamos nossas esperanças e nos sentimos mais motivados para irmos atrás de nossos sonhos. Não é bom, nem financeiramente nem psicologicamente, começar o ano cheio de encrencas para resolver. Coloque suas contas em ordem e se dê de presente de Natal, no ano que vem, um final de ano sem pressões financeiras. Começar o ano endividado não é apenas ruim para o nosso bolso, é ruim para a nossa sanidade.
 
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Originalmente postado no Blog do André Massaro na EXAME
 
André Massaro
Administrador de empresas pós-graduado em economia.
Já foi executivo financeiro, consultor e investidor profissional.
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terça-feira, 16 de outubro de 2012

POST 1822: O MUNDO ESTÁ A DERIVA. QUERO DESCER. Por Stephen Kanitz

Comentando um dia com o ministro do Planejamento, o prof. João Sayad, ele dizia que o "mundo estava à deriva".
 
Ao ouvir isso, eu retruquei: "Mas isto já ocorre há muito tempo".
 
E o prof. Sayad respondeu: "De fato, só que agora tem vento".
 
Este diálogo permite uma interessante discussão da relação do Estado com o setor produtivo.
 
O mundo estar à deriva não é um problema. O problema é quando tem vento.
Traduzindo:
 
O mundo liberal e neoliberal, que para muitos parece estar à deriva, sem direção definida, que responde ao sabor das ondas, não é o problema.
 
Cada um está fazendo o que acha que é importante. Não há um Estado ou Comitê Central de Planejamento que possa orientar e coordenar os milhares de navios, barcos e veleiros mundo afora.
 
O problema é que quando há vento, o mundo liberal e neoliberal se desmorona e entra em pânico.
 
São tomadas decisões precipitadas e centradas em si, com uma total falta de liderança necessária para acalmar todo mundo.
 
Da crise de 2008 para cá, não tivemos um único líder capaz de acalmar a galera. Não tivemos um único intelectual, jornalista ou formador de opinião que tenha saído a público mostrando que nós éramos superiores às crises, sempre fomos.
 
Tivemos sim uma propaganda acirrada dos catastrofistas, das cassandras do apocalipse, muitos vindo de ex-integrantes do Estado, ministros de renome.
 
O mundo socialista, por sua vez, planejado por bem intencionados acadêmicos e altruístas, também não tem funcionado.
 
Porque age como se todo dia tivesse vento.
Tudo é importante.
Tudo tem que ser controlado até os centavos, tudo tem que ser pré-aprovado, e assim por diante.
 
 
Os barcos mal saem do porto, a não ser que tenham uma parceria público-privada.
O Estado se leva a sério demais, não tem a leveza necessária para ser criativo, errar, pisar na bola sem muitas consequências.
 
Funcionários públicos, que morrem de medo do Ministério Público, jamais irão assumir riscos que podem acarretar prejuízo à coisa pública. E mensaleiro, por definição, é quem prefere um salário fixo e aposentadoria garantida, sem assumir risco nenhum.
 
Reuniões de ministros são em conjunto de 46 ao mesmo tempo. Nenhum pode tomar uma decisão sem consultar os outros, como se espera que seja numa crise em que tem vento.
Não é o Estado, com este estilo de gestão, que terá a agilidade para tirar o lado neoliberal do seu pânico, com medidas acadêmicas ou macroprudenciais.
 
Ou, com recursos financeiros que mantêm os culpados nos seus pontos em bancos, Hedge Funds e orgãos reguladores que fracassaram por completo.
 
O próprio Governo entra em pânico e fica tão perdido como o mundo neoliberal.
Portanto, precisamos de um novo modelo, um que saiba lidar com vento, normalmente vento gerado pelo pânico de alguns sedentos por uma citação em jornal.
 
Em administração temos problemas parecidos.
Uma empresa vai tocando a vida, cada um fazendo a sua função, sem muita supervisão e ordens do tipo dia a dia.
 
Um dia tudo desmorona, o que funcionava não funciona mais, e algo precisa ser feito.
Uma intervenção vinda de fora, seja com mais dinheiro, seja com novas ideias.
Na reestruturação de uma empresa, os credores tomam conta da empresa. Normalmente, despedem os executivos incompetentes e colocam uma equipe especial para fazer o "turn around".
 
Existem consultorias especializadas nisto, porque um turn around precisa de conhecimento especializado.
 
Precisa diagnóstico rápido, execução rápida, análise de resultados rápida e uma mente focada somente nesta tarefa.
Vejamos o problema do vento na Grécia. Os "executivos" continuam os mesmos. Numa democracia nem dá para trocar, a não ser que por ética renunciassem.
 
A preocupação dos "executivos" focada até o último milímetro é não assumir a responsabilidade de seus erros, culpar os outros como salvação e concentrar na próxima eleição que será duríssima.
 
Ou seja, não vão resolver o problema nunca.
Infelizmente, não é o Estado e seus interventores, não são os acadêmicos e os discípulos de Keynes que têm o conjunto de qualificações para este tipo de tarefa chamada de turn around.
 
Nem a maioria dos administradores o tem.
Turn around ou reeestruturação é um campo específico e requer uma cultura específica.
Não temos no Governo Brasileiro uma equipe destas, nunca tivemos.
 
Nos grandes grupos de conglomerados dos anos 1980, existiam equipes assim: a Guarda Pretoriana, a turma da Central, que desciam do avião para ajudar a modificar a filial que não soubesse lidar com o vento.
 
Não era gente simpática, mas eram focados até resolverem o problema.
Quem mais precisa de uma equipe destas é o próprio governo, que vive acumulando problemas anos a fio sem solução.
 
Onde eu quero chegar é que não é o Estado que vai salvar o mundo neoliberal cada vez que tem vento.
 
O que precisamos é uma abordagem totalmente diferente, de equipes previamente preparadas e capacitadas para resolver crises, algo diferente do que lidar com o dia a dia.
Uma equipe que não tem interesses próprios, como manter o emprego ou não perder as eleições.
 
Uma equipe que entra e sai, com o único propósito de guiar o país que está à deriva por causa do vento.
 
 
STEPHEN KANITZ é consultor de empresas e conferencista, vem realizando seminários em grandes empresas no Brasil e no exterior. Já realizou mais de 500 palestras nos últimos 10 anos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

POST 1771: 5 PECADOS FINANCEIROS QUE VOCÊ DEVE EVITAR

Muitas pessoas acham que um bom salário é suficiente para ficar rico porém, o que mais impacta e define se você terá um futuro financeiro tranquilo são as suas atitudes. Veja abaixo 5 pecados financeiros que você deve evitar:

Não valorizar cada centavo que ganha
Quero meu 1 centavo de troco!, abordei um tema que me revolta bastante: Os arrendondamentos de preço que alguns estabelecimentos fazem e que geram prejuízo aos consumidores (os famosos R$1,99 ou R$2,02).
Ninguém se importa porque não vale a pena brigar por 1 ou 2 centavos, mas isso está errado. Enquanto nós deixamos de valorizar esses centavos, os donos dos estabelecimentos estão rindo à toa embolsando um ótimo lucro às nossas custas.
Se você trabalha duro para conseguir o seu dinheiro, cada centavo deve ser valorizado.

Aceitar o primeiro preço que lhe oferecem
Em qualquer compra que você vá fazer, é importante pesquisar preços e negociar, pois o primeiro preço que lhe oferecem é sempre um ótimo negócio ao vendedor e não ao comprador.
É claro que há ocasiões em que não é possível negociar como, por exemplo, em restaurantes, supermercados etc; porém, há muitas outras situações em que barganhar pode resultar em ótimos negócios.
Toda empresa procura fazer mais gastando menos. Isso não deveria ser diferente quando o assunto é o seu dinheiro.

Achar que a vida é hoje e o amanhã a Deus pertence
“Deixar a vida me levar”, definitivamente, não é a postura de alguém que quer ficar rico.
Concordo que não é saudável deixar de viver o presente olhando apenas para o futuro, mas isso não quer dizer que para curtir a vida, você tenha que comprometer o seu futuro financeiro.
Por isso, é importante que você encontre o seu ponto de equilíbrio em que será possível viver hoje e juntar dinheiro para o amanhã. Recomendo a leitura do artigo Viver ou juntar dinheiro?.

Poupar dinheiro com a mesma disciplina que mantém uma dieta
Todo mundo conhece a velha história da dieta: “Amanhã juro que começo e vou levar a sério”. Após algumas semanas, eis que a tentação fala mais alto e a dieta vai por água abaixo de novo.
Infelizmente, a maior parte das pessoas tem o mesmo comportamento quando o assunto é poupar dinheiro. No início é sempre empolgante, mas com o tempo você perde aquela motivação e acaba gastando mais do que deveria.
Se você sonha em ter um futuro financeiro mais tranquilo, a disciplina para poupar dinheiro é fundamental.

Não se educar financeiramente
Como muitos dizem, o conhecimento é o maior bem que uma pessoa pode ter e a falta dele pode resultar em péssimas escolhas e prejuízos dolorosos.
Por isso, por mais que o assunto seja difícil, é importante estudar um pouco sobre finanças se você quiser administrar melhor os seus recursos. Leia livros, vá à palestras e se eduque financeiramente.
Contar com a ajuda de um especialista do seu banco também é válido, mas lembre-se: Como qualquer funcionário, ele tem metas de vendas para cumprir e, por isso, as suas recomendações quase sempre se limitam ao que o banco oferece, o que não quer dizer que seja o melhor que você pode ter.

FONTE: Mundo Y

quinta-feira, 26 de julho de 2012

POST 1744: 7 CONSELHOS DE GUSTAVO CERBASI PARA O CASAL REALIZAR SEUS SONHOS

São Paulo – Em seu novo livro “Os segredos dos casais inteligentes”, o consultor financeiro Gustavo Cerbasi aconselha os casais a unirem sua renda, seu patrimônio e - por que não - suas contas bancárias, para, juntos, alcançarem os sonhos do casal. Sonhos estimulantes para ambos, e que não passem por cima, necessariamente, dos sonhos individuais de cada um.

O autor do best-seller “Casais inteligentes enriquecem juntos” diz ter decidido escrever esse novo livro para responder às dúvidas dos leitores do livro anterior que ainda não tinham sido bem atendidas. “O ‘Casais inteligentes’ é bem resolvido, mas não foram bem atendidas as situações dos casais que têm situações financeiras mais complexas. Casais empresários – ou em que um dos dois é empresário –, casais que passam por uma transformação significativa na carreira de um dos dois, ou em que um dos cônjuges já tem filhos do primeiro casamento”, explica Cerbasi, em entrevista a EXAME.com.

Conheça a seguir algumas das dicas de Gustavo Cerbasi presentes no novo livro e os principais trechos da entrevista:

É preciso unir as contas bancárias?
Em seu livro, Cerbasi destaca que os casais que têm sucesso financeiro normalmente unem seus patrimônios em um mesmo bolo – quando não as próprias contas bancárias. Sua sugestão é unir as rendas para arcar com todas as despesas da família e com a poupança para os diferentes objetivos, separando uma espécie de mesada individual, igual para os dois, para que cada cônjuge gaste como bem entender ao longo do mês.

Se os cônjuges já tiverem filhos de casamentos anteriores, as despesas com eles devem ser consideradas despesas pessoais e sair dessa “mesada”. Se apenas um já tiver filhos, o outro cônjuge deve receber uma parcela correspondente às despesas com os enteados como forma de “mesada” individual. Mas no caso de esta pessoa reconhecer que sua parcela de uso próprio está muito elevada, essa quantia pode ser usada para uma finalidade como o lazer o casal.

A ideia aqui é tentar manter a individualidade de cada membro do casal, ao mesmo tempo em que é mantida a igualdade. Mesmo quando um ganha mais do que o outro. Para Cerbasi, não é imperativo que se unam as contas bancárias, até porque, por questões de trabalho, nem sempre isso é possível. Mas ele lembra que uma conta por onde passe uma renda maior possibilita aos titulares pagar menos tarifas e obter crédito mais barato, além de outros serviços diferenciados no banco.

“A concentração de recursos possibilita ao casal conseguir melhores investimentos, crédito, flexibilidade para pagar impostos. Mas mesmo que as contas fiquem separadas, o que deve ser unido é o planejamento financeiro”, explica Cerbasi. Ou seja, mesmo que cada um ainda mantenha suas próprias contas e aplicações financeiras, o planejamento familiar deve ser único, e os recursos devem ser unidos para honrá-lo, diz o autor.

E se a diferença de renda entre os cônjuges for grande?
Gustavo Cerbasi não ignora que a diferença de renda entre os membros do casal possa ser grande ou que os casamentos possam dar errado. Unir as rendas e o planejamento, porém, nada tem a ver com casar em comunhão total ou parcial de bens. Para ele, o regime de bens deve ser cuidadosamente escolhido pelo casal, e pode ser o de separação total, se assim lhes aprouver.

“Se o casamento não vai adiante, que prevaleça a amizade. Não devem ser criados mecanismos que dificultem o divórcio se este for o melhor caminho. Se a diferença de renda entre os cônjuges é grande, é razoável casar em separação total de bens. Agora, quando as pessoas se propõem a construir uma relação em comunhão parcial de bens, é justo que, em caso de separação, quem tem menos renda seja mais indenizado, pois esta é a pessoa que tem mais a perder no divórcio”, diz.

De qualquer maneira, Cerbasi defende que, independentemente de quem ganha mais, ambos devem contribuir para o orçamento da família, em vez de deixar por conta daquele que tem a maior renda a responsabilidade de arcar com os gastos fixos e essenciais. A orientação, aliás, é que os gastos fixos caibam no menor salário, deixando para o maior salário as porções dedicadas à poupança familiar e ao lazer.

Como a ideia é tratar toda a renda como uma coisa só – mesmo que as contas sejam separadas – do que sobrar vai sair a “mesada” de cada um, em valor igual. Esse tipo de planejamento, diz o autor, evita um grande baque no padrão de vida caso aquele que tem o maior salário perca o emprego. E também evita a desigualdade dentro da mesma família, com um rico e um pobre vivendo sob o mesmo teto.

Juntar as contas significa socializar as dívidas?
Mas e quando um dos cônjuges gasta descontroladamente e até se endivida, enquanto o outro é contido e poupa? O justo pode acabar pagando pelo pecador e ficar com dívidas em seu nome em caso de contas conjuntas. Nessas situações, antes de procurar uma solução para o cônjuge indisciplinado, Cerbasi aconselha a separar as contas: “Quando percebe a ameaça, o casal deve separar as contas. Mas é preciso ser capaz de antever o problema”, diz. Mais uma vez, mais importante que a união física da renda, é a união do orçamento e do planejamento.

E se um dos dois for dependente ou “encostado”?
Nem todo mundo gosta de planejar as finanças. Embora seja aconselhável se esforçar para aprender a lidar com planejamento financeiro e investir, fato é que nem todos vão se dispor a isso, pelos mais variados motivos. Se um dos cônjuges é desse tipo e delega ao outro toda a responsabilidade do planejamento financeiro da família, é preciso tomar um cuidado especial. Aquele que não gosta muito de números pode acabar se tornando dependente, e no dia em que precisar tomar as rédeas de sua vida financeira – na falta do outro, por qualquer motivo que seja – se verá perdido, sem saber por onde começar.

Para evitar isso, Cerbasi aconselha o casal a manter um canal de comunicação eficiente, com relatórios regulares do que está sendo feito no planejamento financeiro. “Se o departamento financeiro de uma empresa tiver que se comunicar com a área de marketing, fará isso por meio de um relatório. Se um dos cônjuges é responsável por tocar as finanças do casal, tem que haver uma conversa mensal para tratar, de maneira objetiva, os pontos principais do planejamento”, exemplifica.

Ele diz que não é preciso que um imponha ao outro a obrigação de se envolver. Mas sim que é fundamental uma rotina formal de comunicação. “Até porque esse casal vai ter que, depois, educar financeiramente os filhos”, conclui. Na opinião dele, a falta de comunicação é um dos maiores erros dos casais na hora de planejar as finanças, e pode levar ao que ele chama de “infidelidade financeira”: omissão de gastos para evitar brigas, não saber quanto o outro ganha ou para onde o dinheiro está indo.

Se um dos dois for assumir para si a tarefa de tocar as finanças da família, Cerbasi aconselha que seja a pessoa que mais frequentemente toma as decisões financeiras. Deixar o planejamento das despesas na mão de quem decide menos no dia a dia é, segundo Cerbasi, o segundo maior erro dos casais. “Não adianta o homem planejar os gastos se é a mulher, por exemplo, quem decide a maior parte das compras da casa”, exemplifica. Quem executa o orçamento terá mais condições de deixar as contas equilibradas se for também o responsável pelo planejamento.

Calma para comprar a casa própria
Embora não seja contrário à ideia de ter casa própria, Cerbasi é contra apressar essa decisão e comprar um imóvel no momento errado. Para ele, os casais tentam realizar essa compra o mais rápido possível, o que pode ser desastroso para quem é jovem e está em início de carreira. “Ao estabelecer uma moradia fixa pelos próximos 20 ou 25 anos, você limita as suas possibilidades de trabalho”, diz Cerbasi.

O casal tem menos flexibilidade para aceitar um emprego em outra cidade ou tentar uma oportunidade de trabalho mais arrojada, que pode dar errado, simplesmente porque já comprometeu seu ainda magro orçamento com a dívida pesada e longa de um financiamento habitacional. “Você precisa optar por empregos mais estáveis, que pagam menos, até. Pois se algo der errado, não tem margem de manobra para dar um passo atrás e recomeçar. Os jovens que mais crescem na carreira são aqueles com um consumo mais flexível”, observa.

Converse sobre os tabus financeiros
É fundamental conversar com o companheiro sobre a eventual falta de um dos dois por morte, invalidez ou doença grave, sobre divórcio, e até sobre a possibilidade de um filho não nascer com saúde. Ninguém gosta de conversar sobre esse tipo de coisa, mas traçar planos alternativos para essas eventualidades possibilita ao casal contratar seguros e planos de saúde mais interessantes.

Cerbasi aconselha os casais a tirarem a primeira semana de suas férias para discutir os assuntos menos agradáveis, nunca abordados nos momentos de lazer. “Eu vejo que as pessoas não encaram mais esses assuntos como tabus, mas elas têm pouco tempo para discuti-los. Já falta tempo para o relacionamento, para falar dos filhos, cuidar de si mesmo ou preparar uma noite especial. Então a conversa sobre os assuntos desagradáveis é acaba deixada para um segundo momento”, opina o consultor.

Como começar a falar de dinheiro?
Casais com relacionamentos já maduros – e que talvez já tenham problemas, como o da “infidelidade financeira” – podem sentir que começar a falar de um planejamento conjunto mais disciplinado a essa altura do campeonato soe meio forçado. Para ultrapassar essa barreira, Cerbasi aconselha a iniciar a conversa com um amigo casado ou mesmo com outro casal. “Pode começar como uma conversa entre dois casais. Será bom para ver que, no início, é difícil mesmo. É como a prática de exercícios. Começar a correr em grupo é mais estimulante do que correr sozinho”, compara.

FONTE: Exame

domingo, 3 de junho de 2012

POST 1714: UM BRINDE À INEFICIÊNCIA. Por Rodolfo Araújo

Aproveito o mais recente capítulo da pendenga comercial entre Brasil e Argentina para voltar a um tema que tem sido frequente aqui: o subdesenvolvimento da indústria nacional.

Temendo pela sobrevivência das vinícolas brasileiras, os mui habilidosos diplomatas brasileiros resolveram aumentar o imposto de importação dos vinhos argentinos, passando a alíquota de indecentes 27% para inescrupulosos 55%. Além disso, a medida prevê limites de cotas e uma autorização, que pode levar até 60 dias para ser concedida.

A justificativa para a Circular no 9, da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio, é que o produto nacional vem perdendo competitividade frente ao importado. Ora, mais uma vez é o rabo balançando o cachorro: em vez de preocupar-se com a causa (a baixíssima produtividade da Indústria Nacional), ataca-se a consequência, garantindo a perpetuação do problema.


Se o vinho nacional não tem competitividade, é um problema interno, não externo. É como culpar os carros importados por serem melhores do que os nossos. Este mesmo raciocínio estúpido e deturpado fez com que toda a nossa indústria ficasse parada no tempo, sustentando a ineficiência às custas de um consumidor sem opção.

Este caso é um exemplo de como minorias barulhentas agem em detrimento do restante da população, através de lobbies e outros grupos de interesse. Segundo Bazerman e Watkins (Predictable Surprises: The Disasters You Should Have Seen Coming, and How to Prevent Them), "são grupos que buscam ganhos para seus membros com pouca ou nenhuma preocupação com o efeito global de seus objetivos para a sociedade, mesmo que tais ganhos sejam muito menores do que o seu custo social" (p. 125).

Em 2002, trinta países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos) gastaram US$ 311 bilhões em subsídios agrícolas - ou o equivalente a todo o PIB da África. 35% da renda de agricultores europeus vem de subsídios do governo, enquanto que nos EUA este número fica em 20%.

Na mesma América, foram gastos em 2001 US$ 87 bilhões em programas assistenciais (Aid to Families with Dependent Children, Medicaid etc.), contra US$ 167 bilhões em subsídios.

Segundo o Banco Mundial, e União Européia paga aos pecuaristas um subsídio anual de US$ 913,00 por cabeça de gado. Dá US$ 2,50 por dia, por vaca, enquanto um bilhão de pessoas sobrevivem com menos de US$ 1,00 por dia.

Outro efeito destes subsídios é que ao incentivar uma produção excessiva os governos derrubam os preços no mercado mundial: commodities como café, cacau, arroz e açúcar tiveram desvalorização de mais de 60% entre as décadas de 1980 e 2000, com impactos desastrosos para os países que dependem de exportações.

Já os efeitos internos dos subsídios são igualmente nocivos. Suponha que determinada medida do governo vise proteger 20.000 empregos da indústria de calçados, ameaçada pelas importações da China. Como resultado, deixamos de comprar sapatos R$ 20,00 mais baratos. Se cada pessoa no Brasil comprar um sapato por ano, estaremos pagando R$ 3,6 bilhões para proteger 20.000 empregos - ou R$ 180.000,00 por emprego.

Claro que é uma conta idiota, feita com dados fictícios, mas o que ela mostra é que o custo dos subsídios, frente ao benefício esperado pode não valer a pena. E estamos considerando apenas sapatos. Some-se a eles os subsídios do trigo, feijão, café, leite e derivados, carne, frango, automóveis, combustíveis...

É um preço alto demais, para gente de menos, empurrando nossa paupérrima indústria nacional cada vez mais para o buraco. Tin-tin!




Rodolfo Araújo
Mestre em Administração pela PUC-RJ; Pós Graduado em TI pela FGV-RJ; Bacharel em Comunicação Social pela UFRJ.
Mais de Rodolfo Araújo AQUI

sábado, 2 de junho de 2012

POST 1696: COMEÇAR DO ZERO É FÁCIL

Da próxima vez em que seus pais lhes falarem que eles começaram do zero, digam que eles tiveram muita sorte.

Vocês começarão com muito menos do que zero, pois irão começar com uma dívida de quase meio milhão de reais por casal.


Quando seus pais lhes contarem que na época deles tudo era muito mais difícil, peçam a eles que leiam novamente este artigo.

Quando seus pais nasceram, a população mundial era de somente 2 bilhões de habitantes.
Enquanto eles pregavam o amor livre, em vez da paternidade responsável, nasceram mais 4 bilhões de criaturas para competir com vocês. Em 2011 serão 7.

Até hoje, discutir paternidade responsável é considerado politicamente incorreto no Brasil.

Na época de seus pais, pagavam-se somente 5 a 15 dólares o barril de petróleo; agora vocês terão de pagar de 50 a 100 dólares.

Isso eles delicadamente sempre se esquecem de mencionar.

Na época de seus pais, a carga tributária era de somente 15% do PIB.

Eles podiam gastar 85% de tudo o que ganhavam, podiam viajar para a Disney com toda a família, tirar férias e trabalhar das 9 até as 17 horas.

Agora, graças à opção ou omissão deles, a carga tributária já chega a 45% do PIB e vocês poderão gastar no máximo 55% do que ganharem.

O crime organizado não paga impostos, por isso o governo só recebe 40% do PIB, mas vocês pagarão 45% do que ganham.

A sua mãe não precisava trabalhar fora porque a renda do pai dava para sustentar a família.

Hoje, em vez de cuidar da educação moral dos filhos, sua futura esposa certamente terá de trabalhar duro para ajudar no sustento da casa.

O pior é que boa parte do que ela ganhar será para pagar os impostos e as alíquotas que seus pais criaram ou deixaram criar.

A velha geração também criou esta dívida pública interna de 1 trilhão de reais que vocês terão de pagar, com juros de 19% ao ano.

Outra dívida monumental, que eles escondem a sete chaves é a previdenciária, estimada num estudo de Francisco Oliveira, do Ipea, em mais de 7 trilhões de reais, a ser pagos por vocês, jovens, nos próximos trinta anos.
 
 
Isso tudo significa que os 20 milhões de famílias cujo titular está abaixo dos 30 anos começam a vida com uma dívida pública inicial de 400.000 reais mais ou menos.
 
A maioria não consegue ganhar isso numa vida inteira, muito menos poupar esse valor, mas será obrigada a fazê-lo, está na Constituição.
 
Não confiem nesses estudos e papers feitos por pesquisadores com mais de 50 anos que pretendem se aposentar. Façam vocês os próprios estudos e projeções.
 
Nem confiem nem em mim que já sou aposentado. Criem um grupo de estudo na internet e calculem essa dívida vocês mesmos, se deixarem.
 
Para não ser acusado de exagerado, deliberadamente não incluí outra dívida, colossal nos Estados Unidos, que é a da saúde.
 
Os velhos gastam de oito a trinta vezes mais em saúde do que os jovens, mas poucos da velha geração, muito menos o governo, estão poupando para uma eventual doença grave ou ponte de safena.
 
Quem pagará por essa conta provavelmente serão vocês.
 
Por isso, os gastos do governo e a carga tributária aumentarão de 45% para 50% ao longo dos anos. Em nome da dívida social eles criaram uma dívida monumental.
 
Seus pais fazem parte ou foram vítimas da geração que assinou a Constituição de 1988.

Ou então fazem parte ou foram vítimas da escola keynesiana de intelectuais, a turma do gastem e endividem-se hoje porque "a longo prazo estaremos todos mortos". Mui amigos!
A bem da verdade, a velha geração do mundo inteiro fez o mesmo, não é um fenômeno exclusivamente brasileiro.

A velha geração americana, por exemplo, deixa dívida de 40 trilhões de dólares para a próxima geração pagar, leiam The Coming Generation Storm .

O resto do mundo deixa um estrago bem maior, leiam Who Will Pay, publicado pelo FMI.

Graças às dívidas públicas que seus pais e os "desenvolvimentistas" contraíram para "desenvolver" o Brasil, aos impostos que eles criaram para "ajudar" os outros, aos direitos que eles concederam para si, ao petróleo que eles consumiram a 100 quilômetros por hora, a vida de vocês vai ser muito, mas muito mais difícil do que a deles.

Mas isso eles não publicam, não escrevem nem contam na hora do jantar.



Stephen Kanitz
Administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Editora Abril, Revista Veja, edição 1914, ano 38, nº 29, 20 de julho de 2005.
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