Tim Cook completou recentemente um ano no comando da Apple, depois de ter sido o CEO por duas vezes substituindo Steve Jobs, que já apresentava problemas de saúde. No ano passado escrevi um texto sobre a saída de Steve Jobs do cargo de CEO, algo que marcou a indústria da tecnologia como uma verdadeira mudança de era, para mim até mais do que a data da sua morte.
Tim Cook, o chefão da Apple. (Foto: Divulgação)
É verdade que Steve Jobs faz muita falta no comando da Apple, mas ele soube escolher muito bem seu substituto. Além dele, há alguns fiéis escudeiros: Phil Schiller do marketing, Scott Forstall do iOS e Jonny Ive, o mago do design, algo como um "herdeiro espiritual" de Steve Jobs na Apple e principal responsável por “carregar a chama” dos novos produtos.
Para gerir a empresa que ele fundou e depois voltou para salvar da falência e do colapso financeiro, o criador do iPad, iPhone, iMac e iPod escolheu Tim Cook, uma pessoa prática e tranquila, credenciais curiosas para o cargo. Como eu previ no texto do ano passado, a Apple passou pelo seu primeiro ano sem seu comandante com enorme sucesso, e inclusive se tornou 75% mais valiosa do que era.
Responsável pela criação das lojas, pela negociação com parceiros chineses e pela logística impecável da Apple, Tim Cook já tinha uma grande participação na transformação da Apple na maior empresa do mundo. O CEO da Apple é completamente diferente de Steve Jobs; ao contrário do antigo patrão, Cook é uma pessoa que está disposta a ir até a fábrica da Foxconn na China para tratar pessoalmente do assunto dos casos de suicídio de funcionários.
A nova cara da Apple é mais simpática e descontraída, e até mesmo o rígido controle com o qual a empresa cuidava a sete chaves seus maiores segredos parece ter ficado esquecido em algum lugar do passado. E as mudanças não param por aí.
Em uma atitude surpreendente para quem acompanha a história da Apple, Tim Cook chegou até a pedir desculpas aos clientes pelos problemas do Apple Maps uma semana após o lançamento do iOS 6, algo inédito quando nos lembramos do problema de antena do iPhone 4. Naquela ocasião, Steve Jobs demorou quase dois meses para realizar um evento para lidar com o “Antennagate”, e oferecer bumpers de plástico a quem tivesse comprado o smartphone da Apple.
O futuro da Apple depende do sucesso do iPhone 5, e as perspectivas são muito boas. Tim Cook estava muito à vontade no palco no lançamento do iPhone 5. Em um gesto de que não pretende roubar a cena de sua equipe, Tim Cook deixou para Phil Schiller o momento de subir ao palco e apresentar o novo iPhone. Phil não estava tão à vontade, mas compensou isto com bom humor. Os dois sabiam muito bem que o produto que a Apple estava lançando não era uma revolução. Depois que você cria o smartphone mais amado do planeta, fica complicado mudar tudo de uma hora para a outra.
Meu único problema é relativo à falta de avanços do iOS 6, pois em termos de hardware, considero o iPhone 5 praticamente perfeito. Sua tela pode não ter tecnologia super AMOLED ou ter 4,7 polegadas, mas tem o tamanho ideal. Eu confesso que ao usar smartphones Android com telas muito, muito grandes, comecei a achar a tela do iPhone 4S pequena. Ela precisava aumentar, mas não muito. Se aumentar mais, estraga, pelo menos na minha modesta opinião.
iPhone 5, a grande aposta da Apple (Foto: Reprodução)
Assim como seu antecessor, o iPhone 5 é uma obra prima do design e da simplicidade, com a assinatura de Jonny Ive. É fácil reconhecer o toque de Steve Jobs neste produto, assim como os novos modelos do iPad e do novo MacBook Pro com tela retina. Não se espante com isto, pois, segundo relatos, Jobs estaria envolvido em projetos que a Apple ainda vai lançar nos próximos anos como o tão esperado iPad Mini.
O primeiro ano da Apple sem Steve Jobs foi de um enorme sucesso financeiro, as ações da empresa não param de subir e os produtos da empresa nunca foram tão usados quanto agora.
O iPhone 5 é a grande aposta da Apple para as festas de fim de ano, e o lance é bem alto, pois além dele ser o produto mais vendido e mais conhecido da Apple, também tem o potencial de trazer novos usuários para o iOS e também para o OS X, ajudando a vender iPads e Macs. Pelo impressionante sucesso da pré-venda e das vendas nas lojas, o iPhone 5 parece que vai fazer jus a toda esta expectativa.
Steve e Jonny certamente trabalharam juntos neste projeto, um aperfeiçoamento do design original do iPhone 4 e 4S. Quando a Apple diz que ele é o smartphone mais fino do mundo, está falando da espessura integral do aparelho. Modelos da Motorola e outras empresas são ainda mais finos, mas contam com câmeras integradas que aumentam a espessura em um ponto determinado. Eu sempre acho graça deste título de “o mais fino do mundo”, pois é sempre uma honraria com prazo de validade, até sair outro ainda mais fino.
Sem querer entrar nesta polêmica, digo que o novo iPhone tem o mérito de ser simples, e é exatamente isto é o que o diferencia dos demais. Quem fala mal do aparelho agora vai ter que engolir suas palavras, pois ele vai continuar vendendo muito. Este é o grande truque da Apple, como escreve MG Siegler neste brilhante texto, um dos melhores que li neste ano. Na hora que a pessoa chega à loja e pega o aparelho na mão, se convence de que precisa ter aquilo de qualquer forma. Enquanto a Apple continuar lançando produtos como este, o futuro da Apple está garantido, e Tim Cook sabe disto melhor do que ninguém.
A TrendWatching apresentou ontem, dia 28, uma pesquisa apontando as 10 principais tendências de consumo para 2013. Com impacto direto da evolução tecnológica, os movimentos indicam para uma participação cada vez maior dos consumidores na construção das marcas.
Entre os temas listados pela consultoria estão o crescimento expressivo nas políticas de crowdfunding, com os clientes dando suporte financeiro para novos produtos e serviços, a presença das plataformas mobile em todos os momentos do consumo, a maior pressão para que as organizações sejam socialmente responsáveis, além de um retorno à valorização de elementos e símbolos culturais locais, em resposta a políticas de Marketing globais.
Outro fator apontado como tendência é a cobrança por transparência das marcas. De acordo com a TrendWatching, as empresas serão forçadas a mostrar que não têm nada a esconder. Mas elas também cobrarão uma postura responsável por parte dos consumidores. “Espere observar uma mudança ousada na relação entre marcas responsáveis e ambiciosas e seus clientes em 2013. Marcas conectadas que já embarcaram na busca por um futuro mais sustentável e socialmente responsável irão exigir que seus consumidores também contribuam, ganhando assim o respeito até dos mais exigentes”, diz um dos trechos do relatório apresentado.
O estudo indica ainda que o consumidor terá capacidade para filtrar as informações que recebe pelos canais digitais. Os compradores esperam ter maior controle e fazer o melhor uso possível dos seus próprios dados, procurando marcas que utilizem esta informação proativamente. Conheça a seguir cada uma das tendências apontadas pela TrendWatching.
1 – Presumer e custowners A primeira tendência da TrendWatching para 2013 está na participação cada vez mais expressiva das ações de crowdfunding. "Os consumidores vão abraçar ainda mais formas de participar do financiamento e (pré) lançamento de novos produtos e marcas", diz o relatório. Um exemplo é a ZaoZao, marca de Hong Kong voltada para amantes da moda. Ela pré-lança seus produtos, angariando fundos para iniciar a produção.
2 – Emerging Com a força dos mercados emergentes e a situação delicada vivida pela economia européia, empresas de países como Brasil, China e Índia começarão a desenhar estratégias de Marketing com foco em outros mercados emergentes, como Turquia ou África do Sul. E o caminho inverso também é verdadeiro. A brasileira Amazonas Sandals anunciou planos para abrir uma loja na China no início de 2013. A marca usa matéria-prima bruta de árvores seringueiras do Brasil e a borracha de suas sandálias são feitas com 80% de material reciclado.
3 – Mobile Moments As pessoas passarão cada vez mais tempo conectadas via dispositivos mobile. De acordo com a TrendWatching, os consumidores usarão os seus smartphones e aparelhos celulares em todos os momentos. Para aproveitar esta tendência, as empresas devem apostar em produtos, serviços e experiências que permitam aos consumidores amantes da mobilidade a adotarem naturalmente um estilo de vida “multi-hiper-tasking”. Um exemplo é a Jana, plataforma que permite aos usuários de telefones celulares em países em desenvolvimento participarem de pesquisas de mercado por meio de SMS em troca de prêmios, como minutos para ligação. Como resultado de sua parceria com operadoras de telefonia celular, o serviço atende quase 3,5 bilhões de pessoas em mais de 100 países.
4 – New Life Inside O consumidor será cada vez mais exigente em relação a produtos e serviços sustentáveis, indo além do conceito de reciclagem. A ideia é que as empresas criem itens que possam ser adaptados e reutilizados em outros momentos e com novas funções. Por isso o nome New Life Inside, pois os produtos, além de sua função principal, ganharão uma nova “vida” com outra função, evitando o descarte. Um exemplo de produto encaixado nesta tendência é o Sprout, lápis que depois de utilizado pode ser “plantado” no jardim. Ele vem com uma cápsula de semente no seu interior, dissolvida quando em contato com a água.
5 – Appscriptions O exercício da medicina estará cada vez mais ligado às tecnologias digitais. Aplicativos para smartphones e tablets substituirão exames, avaliarão as condições do paciente e serão capazes de monitorá-los a distância. Segundo a TrendWatching, os aplicativos médicos serão parte do receiturário do profissional de saúde, assim como os remédios. Em junho de 2012, o fundo do governo australiano “National Prescribing Service” lançou o Antibiotics Reminder. O aplicativo gratuito permite que pacientes criem alertas para lembrá-los de tomar a sua medicação, rastrear quando foi tomada e manter um diário de monitoramento.
6 – Celebration Nation Os produtos e serviços globais dividirão espaço para marcas que tragam no seu DNA elementos com simbolos e culturas regionais. O relatório de tendências aponta que os mercados emergentes exportarão mais produtos que representam seus valores históricos e culturais. Um exemplo é a NE-TIGER, considerada primeira grife de luxo chinesa, que é conhecida pelos seus designs étnicos inspirados em uma mistura Oriente/Ocidente.
7 – Data Myning Os dados disponibilizados na web não serão estratégicos apenas para as marcas. Os consumidores também farão o caminho inverso, obtendo maior controle e fazendo melhor uso dos seus próprios dados. Este indivíduo dará preferência por marcas que usem esta informação proativamente para oferecer benefícios reais para o seu estilo de vida ou economia de dinheiro. Um exemplo é o Movenbank, plataforma criada em outubro deste ano com o objetivo de oferecer serviços financeiros que ajudem seus usuários a melhorar a sua relação com suas economias e os recompense sempre que for o caso. O serviço é baseado em um sistema de pontuação.
8 – Again Made Here Em 2013 haverá um ressurgimento da produção local em diversos países. No mês de outubro, a plataforma líder de impressoras 3D Shapeways abriu a sua primeira Fábrica do Futuro na cidade de Long Island, em Nova York. A fábrica terá capacidade para produzir de três a cinco milhões de objetos anualmente.
9 – Full Frontal As marcas não podem ter nada a esconder. Segundo a TrendWatching, empresas de todos os setores serão cada vez mais pressionadas a mostrar de forma proativa que estão dentro das normas legais e éticas. Um dos casos mais emblemáticos para ilustrar esta tendência é que o McDonald’s começou a divulgar informações calóricas de seus lanches nos menus dos seus restaurantes e nas janelas dos drive-thru no Brasil e nos EUA . Ao mesmo tempo, a marca deu início à campanha “Favoritos abaixo de 400 calorias” para promover lanches leves como o sanduíche McFish e o EggMcMuffin.
10 – Demanding Brands A última das 10 tendências elencadas pela consultoria pode ser considerada como uma evolução do conceito de servile brands (marcas servis). O relatório da TrendWatching afirma que as companhias adotarão também um caminho inverso, exigindo que os seus consumidores contribuam com projetos e ações ligadas à sustentabilidade. O Vitória Futebol Clube usou deste recurso para promover a sua campanha de doação de sangue. Em julho deste ano, quando apresentou os novos uniformes dos jogadores, o clube surpreendeu a mídia: apesar de suas cores serem preto e vermelho, as camisas estavam com listras pretas e brancas. Fãs de todo o país foram encorajados a doar sangue para que a cor vermelha voltasse aos uniformes, o que aconteceu progressivamente durante o campeonato.
Custo de produção nos últimos 20 anos: zero. Retorno no período: US$ 1,7 bilhão.
Desde 1992, quando deixaram de ser produzidos, os seriados mexicanos Chaves e Chapolin mostraram estar entre os produtos mais rentáveis da televisão.
Na série Ícones do Mercado Cultural, o portal de Economia & Negócios do Estado apresentará toda quinta-feira o lado comercial dos grandes expoentes da televisão, da música, do cinema, das artes plásticas e do mercado editorial.
Começamos pelo humorístico Chaves, que, 41 anos depois de ter sido criado, prepara-se para entrar em uma nova fase no Brasil, com a criação de uma estratégia de longo prazo para financiamento de produtos.
Na semana que vem, a série Ícones do Mercado Cultural apresenta os negócios por trás da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa.
HISTÓRIA E CURIOSIDADES:
O ator e diretor mexicano Roberto Gómez Bolaños, nascido em 1929, apresentou o personagem Chaves (ou Chavo, em espanhol) na televisão pela primeira vez em 1971, já com 41 anos.
O órfão da vila surgiu primeiro como uma esquete dentro de m seriado, do mesmo autor, chamado Chespirito - nome que é uma forma acastelhanada de Shakespeare e também o apelido de Bolaños.
Em 1984, o Chaves estreou no Brasil, na TVS. Nesses 28 anos, as exibições do seriado foram praticamente ininterruptas, com exceção do período de janeiro a novembro de 2004, quando ficou fora da grade do SBT.
Além da América Latina e dos Estados Unidos, o Chaves já foi exibido também em países como China, Japão, Coreia do Sul, Tailândia, Marrocos e Grécia.
Entre os episódios do seriado, existem 17 paródias de personagens clássicos da história e da ficção, entre eles Romeu e Julieta, Julio César, Leonardo da Vinci, Don Quixote, Frederic Chopin e Cristóvão Colombo.
Segundo a Televisa, as histórias que mais fizeram sucesso são "Vamos todos a Acapulco" (sequência de uma história em que os personagens dizem que vão ao Guarujá) e "O ladrão da vila".
TELEVISÃO:
91 milhões de telespectadores por dia formam a audiência média do Chaves, somando América Latina e Estados Unidos, 41 anos após estreia do programa no México e 20 anos depois de parar de ser produzido.
US$ 1,7 bilhão é o que a Televisa já faturou com cessão de direitos de exibição, sem gastar nenhum centavo na produção desde 1992, quando foi gravado o último episódio.
Em toda a América Latina, o Chaves aparece diariamente na TV por assinatura (Cartoon Network). Na rede aberta, cada país tem uma emissora com os direitos de exibi-lo. A maioria o faz de segunda a sexta, mas de forma intermitente: tiram o programa da grade e voltam a transmiti-lo depois de alguns meses, como fez o SBT recentemente.
O SBT cobra R$ 80 mil por anúncio de 30 segundos no intervalo do Chaves. Considerando uma média de oito propagandas por episódio, o potencial de faturamento seria de até R$ 166 milhões anuais, tomando por referência o preço de tabela.
PRODUTOS:
A Televisa fatura US$ 24 milhões por ano em licenciamento e merchandising da marca Chaves.
300 produtos diferentes com o nome dos personagens do seriado e companhia circulam no mercado mexicano, o que coloca a marca Chaves entre as mais fortes para licenciamento de produtos no México.
Mais de 40 milhões de bonecos do Chaves e sua turma foram vendidos em toda a América Latina junto com o McLanche Feliz. Foram mais de 10 milhões de miniaturas em cada uma das quatro vezes que o McDonald's colocou o produto na McOferta, segundo a Televisa.
No México, a Televisa licenciou a torta de jamón do Chaves, ou "sanduíche de presunto", como foi traduzido na versão em português, vendida nos supermercados.
Brinquedos, roupas, salgadinhos e doces são os que mais vendem.
NOVA FASE:
Licenciamento - O famoso sanduíche de presunto do Chaves poderá ser vendido nos supermercados do Brasil, como já acontece no México. A ideia faz parte de um projeto mais amplo da Televisa, de tentar repetir no Brasil, de forma adaptada, o êxito comercial do licenciamento da marca. Junto com o SBT, a emissora mexicana quer identificar quais produtos funcionariam no mercado brasileiro. A "torta de jamón" está na lista.
YouTube - O canal do Chaves no YouTube (http://www.youtube.com/user/chaves) tem hoje 159 episódios em português. A Televisa negocia com o Google a possibilidade de colocar todos na rede, de graça.
Desenho animado - O desenho do Chaves estreou em 2006. Hoje existem 130 episódios. Atualmente são produzidos a um ritmo de 13 por ano.
Musicais - No México, o musical do Chaves já teve mais de 200 apresentações. A Televisa cogita investir também nessa área no Brasil, onde já houve uma apresentação, em 2011.
Você pode ter 15, 30, 40 ou 60 anos. A verdade é que, independente da sua idade ou geração, em algum momento você já utilizou algum produto ou software da Microsoft. O texto escrito no Word, a planilha salva no Excel, o bate papo no MSN.
Para você ter ideia, a gigante da tecnologia e informática é a detentora da maior fatia de computadores espalhados no mundo. A cada 10 pessoas, pelo menos sete usam o sistema operacional criado pela empresa, o que reforça o slogan da Companhia: "um computador em cada mesa e em cada lar". Sem falar em serviços on-line, venda de licenças, produção de eletrônicos, entre outros.
Se o alcance da Microsoft tem uma proporção difícil de mensurar, tudo isso foi possível pelo visionário Bill Gates. Aos 16 anos, ele já tinha um negócio e mostrava ter uma característica que o acompanharia até hoje: ser um empreendedor-nato. A Microsoft surgiu quando ele ainda estudava na Harvard e decidiu seguir sua vocação para os negócios ao abrir a empresa com Paul Allen, um amigo de infância.
O crescimento da Microsoft foi tão rápido quanto implacável. Na segunda metade de 1980, a Microsoft tornou-se a queridinha da Wall Street. Em vez de apenas desenvolver linguagens de programação, a Microsoft passou a ser uma companhia diversificada e produzia tudo, desde sistemas operacionais, como Windows, até aplicativos, como Word e o Excel, bem como ferramenta de programação. Todo esse sucesso fez com que Gates ficasse classificado regularmente como a pessoa mais rica do mundo, posição ocupada por ele de 1995 a 2007, e em 2009.
Para Erick Vils, fundador da WebSoftware, empresa de tecnologia da informação do Rio de Janeiro, o legado de Bill Gates para o mundo tecnológico é importantíssimo. "Você consegue imaginar as alternativas ao longo destas décadas que as empresas e pessoas teriam de usar caso não houvesse um Windows e milhões de softwares compatíveis? A Microsoft sempre se preocupou com o legado e a compatibilidade entre versões de seus sistemas. Para nós, fabricantes de software, teria sido um pesadelo ter de adaptar todos os sistemas a cada troca de sistema operacional ou lançamento de um hardware fabricado por um asiático", afirma Erik.
Aproveitando oportunidades
Uma das marcas de sucesso de Bill Gates está em aproveitar as oportunidades que aparecem. Para Vidal Olavo Plessmann, coordenador do curso de MBA em Desenvolvimento de aplicativos da Fiap, essa é uma das principais virtudes do CEO da Microsoft. "Gates foi visionário ao buscar a parceria com a IBM para criar o PC nos anos 1980", relembra.
Na época, a IBM, líder no mercado de grandes computadores, resolveu entrar no mercado de computadores e não possuía o sistema operacional. Para isso, fechou contrato com a Microsoft que, na realidade, não possui o software. Então, o ainda jovem Bill Gates comprou por cerca por US$ 50 mil um sistema desenvolvido por uma pequena empresa, personalizou e melhorou o programa transformando no MS-DOS, licenciou o produto e o vendeu por US$ 8 milhões.
Mas o talento de Gates não estava apenas no domínio e o conhecimento do mercado de softwares ou sua capacidade de enxergar oportunidades. A preocupação com as demais áreas ajudaram Bill Gates alcançar tudo que conquistou. "Grandes áreas como logística, distribuição, marketing e comercial precisam ter peso muitas vezes até maiores do que a área de desenvolvimento. A Microsoft soube fazer isso muito bem durante anos", explica Erick Vils.
E até quem não gosta de utilizar a Microsoft reconhece o seu legado. Esse é caso de André Tenenbaum, diretor da agência de soluções digitais ZONAInternet. "Posso dizer que nunca fui um simpatizante do Bill Gates por conta dos seus usuários não enxergarem as vantagens de uma plataforma mais amigável como o Amiga e o Mac. Mas com certeza o admiro como um executivo de visão que soube explorar comercialmente sua ideia e transformar seu negócio e os computadores pessoais em algo para todos", destaca André.
As cinco lições de Gates
Gates, assim como a Microsoft, se transformou em um ícone muito odiado por alguns e amado por outros. No entanto, à frente da Microsoft, deixou um legado que ultrapassa a barreira tecnológica e atinge um modelo singular de administrar uma empresa. Confira cinco lições dele para gerir um negócio:
1 - Fale a linguagem. Gates falava a linguagem dos programadores. Isso é um de seus triunfos como líder. Conversar com colegas técnicos fornece-lhe um canal aberto de comunicação que permite inspirar os empregadores da Microsoft a voar cada vez mais alto.
2 - Esteja no lugar certo na hora certa. Uma crítica frequente feita à Microsoft é que a companhia não é uma grande inovadora e que, ao contrário, apenas rouba ideias dos outros. Contudo, o que a companhia faz bem é reconhecer o potencial das ideias e comercializá-las. Gates sempre estava antenado em tudo que acontecia ao seu redor para poder aproveitar uma oportunidade, potencializá-lo e alavancar o negócio.
3 - Contrate gente muito inteligente. "Gente com alto QI" é uma expressão da Microsoft utilizada para designar as pessoas muito brilhantes. Desde o início Gates sempre procurou as melhores mentes. Ele sabia que ter uma equipe vencedora seria fundamental para obter sucesso, ou seja, ele buscava sempre o melhor time ao seu lado.
4 - Mantenha a sensação de uma companhia pequena. No início da evolução da Microsoft, Gates chegou à conclusão de que o melhor software era criado por pequenos grupos de desenvolvedores. A ideia dele sempre foi valorizar cada equipe para que rendessem mais. "Mesmo que sejamos uma grande companhia", dizia, "não podemos pensar desse modo ou estaremos mortos".
5 - Seja apaixonado pelo que faz. A paixão pela Microsoft e por cada serviço e produto criado estiveram presente durante a trajetória de Bill Gates à frente da Microsoft. Esse foi um dos grandes combustíveis para que a companhia conseguisse manter tanto tempo como uma das empresas líderes da tecnologia.
Estamos na reta final de 2012 e a sensação é de que o tempo está voando. Neste momento muitas pessoas se perguntam se o ano está valendo a pena ou se está passando sem o rendimento e os resultados esperados. Muitos fatores podem determinar o sucesso ou não dos nossos projetos. Porém, existem algumas atitudes que, verdadeiramente, podem nos impedir de evoluir sem que sejam percebidas. Entenda alguma delas e como superá-las para que você consiga sair do lugar, seja na vida pessoal ou profissional.
Não ter objetivos definidos
Se você não sabe o que quer, o tempo vai passar e nada vai acontecer, mas com certeza vai estar sempre com a sensação de que fez um monte de coisas. Escolha um ou dois objetivos extremamente realistas e pé no chão, para os próximos meses, escreva-os e detalhe um plano de ação. Ter algo mesmo que não seja "o plano perfeito" é melhor do que não ter nada.
Achar que o momento certo ainda vai aparecer
O momento certo é um mito, ele não existe. As condições perfeitas nunca vão acontecer na hora que você precisa. Faça o momento certo ser o momento em que você decidir começar a sair do lugar, quem espera nunca alcança, ou nesse caso fica no mesmo lugar. É a lei da inércia.
Não planejar seu tempo
Se você deixa a vida fluir como um rio, vai acabar como um peixe, na mesa de alguém ou nadando aleatoriamente. É preciso dar um norte para a semana, para o mês, para o dia. Se você não planejada nada, as coisas simplesmente se tornam urgentes e você fica sem tempo de fazer a vida evoluir.
Não ter uma agenda eficiente
Se você anota as coisas que precisa fazer na cabeça, no post it, no caderno em qualquer lugar que tiver mais próximo, você é um forte candidato a se perder entre suas tarefas, não conseguir planejar de forma adequada e quando perceber não tem tempo para nada. Agenda eficiente é aquele que centraliza tudo que você precisa fazer, te permite planejar e está sempre presente com você.
Usar o fim de semana para procrastinar a vida
Nada contra pegar um fim de semana de preguiça e não fazer nada, mas se você faz isso com a maior parte dos seus fins de semana tem algo errado. É no fim de semana que temos a oportunidade de recuperar a energia, de colocar a leitura em dia, de fazer algum curso, de ter tempo com os amigos, de estudar algo novo, de elaborar melhor suas ideias.
Achar que alguém é responsável pela sua carreira
Não é a empresa, não é seu chefe, não são seus pais, seus amigos ou seus professores que fazem sua carreira. Você é que tem que constantemente usar seu tempo para investir em cursos, networking, eventos, estágios, etc.
Não correr riscos
Se você faz o que costuma fazer sempre, vai ter o resultado de sempre. Os medíocres são aqueles que ficam na media. Os visionários, nada mais são do que pessoas que correram o risco e deram certo. Visionários erram, mas é errando que torna os riscos mais calculáveis. Alguma coisa você precisa arriscar, pense bem, analise com cautela, veja os prós e os contras e vá em frente.
Reclamar
As coisas não dão sempre certo, a vida vai ter um monte de burradas, de erros, de traições, de mágoas, de perdas, etc. Viver é assim mesmo, se não curte isso, "pede pra sair" rsrsrs. Aprenda com os erros, faça uma análise e comece de novo. Perder seu tempo reclamando só vai piorar a situação. Enquanto você reclama, com certeza alguém já está começando a fazer a história de sucesso do amanhã.
Excesso de redes sociais
Eu gosto do Facebook, Twitter, Linkedin. Na medida certa eles fazem a diferença na vida pessoal e profissional. Agora se você está viciado nas redes e deixa de fazer coisas importantes, com certeza vai ser bem difícil de evoluir.
Christian Barbosa
Especialista em administração de tempo e produtividade, fundador da Triad PS, empresa multinacional especializada em programas e consultoria na área de produtividade, colaboração e administração do tempo.
Saber a hora de mudar de emprego ou mudar de área
muitas vezes não é fácil, fica aqui para discutirmos sobre essa decisão em si
de mudança em outro post. Nosso colega Marcelo Cuellar tem um post
interessante sobre a hora de buscar algo novo para fazer. Mas se
você tem certeza que o seu tempo na empresa ou função atual acabou, e já fez de
tudo para pensar e a decisão é irreversível, muitas vezes bate o medo da
decisão de mudar.
Exatamente neste ponto recebi dois emails de leitores
que já decidiram mudar, mas tem medo de tomar a ação. Como agir no novo emprego
e suas consequências. Respondendo: Mudar não é o fim do mundo.
Vou colocar aqui algumas considerações para ajudá-lo a
refletir:
- a economia brasileira está numa situação crescente e
positiva, o que favorece processos de mudança, uma vez que muitas empresas
estão investindo e buscando por novos profissionais.
- o fato de mudar permite que você comece a partir do
dia zero na nova empresa (ou na nova área) já trabalhando para aperfeiçoando
aqueles pontos que apareceram como a desenvolver em suas avaliações de
desempenho. Permite que você capriche na primeira impressão com todos. – como
você evoluiu desde seu último início de emprego, terá a chance de começar
passando uma imagem mais madura, e caprichar no plano de ação para os primeiros
dias no emprego novo, criando assim a chance de um crescimento que na empresa atual
talvez não exista espaço por fatores diversos.
- é positivo para a carreira (não quer dizer
obrigatório) a soma de experiências diferentes em empresas diferentes, desde
que não seja um pula pula sem fim. O interessante é consolidar as experiências
e conhecimentos, e se desta forma for feito a mudança muitas vezes é positiva
para você aprender em novas situações e ambientes. Repito que não é obrigatório
pois algumas vezes dentro da mesma empresa temos a chance de participar de
experiências e ambientes totalmente diferentes.
Assim, se você decidir que é a hora de mudar de área,
função ou empresa, e a decisão está consolidada, não tema e não deixe a inércia
de deixar a vida levar tomar conta de sua carreira. Decida por você e siga o
seu plano de carreira, não espere por ninguém decidir por você!
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Marcelo Monteiro de Miranda
É mestre em Administração de Empresas pela Stanford Graduate School of Business (Sloan), certificado em Global Management. Possui dois cursos de especialização pela Harvard Business School, um sobre em análise financeira e outro sobre mercado imobiliário.
Os edifícios
inteligentes já têm o seu lugar na agenda da arquitetura e da construção
civil.
Mas, e as casas, quando elas também começarão a ficar inteligentes?
Não há mais o que esperar, garante a engenheira Diane Cook, da Universidade
do Estado de Washington, nos Estados Unidos.
Em um levantamento realizado para a revista Science, Diane fez um inventário
de todas as tecnologias já desenvolvidas e que podem ser utilizadas para dar um
pouco mais de inteligência às casas.
Segundo ela, não falta muito para que nossas casas façam o papel de "agentes
inteligentes", dotados de sensores e programas de computador para antecipar
nossas necessidades e fazer automaticamente tarefas que podem melhorar nossa
saúde, facilitar nossa interação social e, sobretudo, ajudar a economizar.
Casa que pensa
Muitas casas já possuem a maior parte do aparato mais complicado necessário
para essas tecnologias: os sensores, que já vêm embutidos em fornos de
microondas, aparelhos de TV e timers para ligar e desligar aparelhos
eletrodomésticos.
O que falta é interligar tudo.
"Nós queremos que sua casa como um todo 'pense' sobre o que você quer, e use
esses componentes para fazer a coisa certa no tempo adequado," disse ela.
Essa é exatamente a especialidade da engenheira, que vem aplicando inteligência
artificial em sistemas de automação residencial.
Seu laboratório atual é um conjunto de 18 apartamentos na cidade de Seattle,
onde ela está testando um sistema de monitoramento de idosos que dispensa a
presença física do acompanhante.
Os sensores espalhados pela casa alertam o cuidador, pela internet ou pelo
celular, caso o morador tenha deixado de lado qualquer tarefa programada.
Isso inclui hora de acordar e dormir, horário das refeições, dos medicamentos
e até se o vovô está deixando o banho para o outro dia.
Com a tendência mundial de envelhecimento da população, o cuidado aos idosos
é visto como um dos mercados mais promissores para novas tecnologias.
Skype em todo lugar
Outras tecnologias já em testes incluem o agendamento de equipamentos como
máquinas de lavar roupa e louça, secadoras, a manutenção da temperatura da água
nos reservatórios e o alerta caso algum aparelho seja ligado ou desligado.
No lado da interação, a ideia é usar tecnologias como o Bluetooth e o WiFi
para permitir a comunicação remota, sem precisar usar as mãos, de qualquer lugar
da casa.
Será a era do "Skype em qualquer lugar," diz Diane, o que, segundo ela,
inclui câmeras espalhadas por todo lado.
Assim será mais fácil monitorar os idosos e as crianças.
Privacidade e segurança
Mas a pesquisadora também pondera sobre as questões de privacidade e
segurança, como o risco de ter imagens, voz ou dados bisbilhotados por
observadores indiscretos.
"As tecnologias das casas inteligentes, assim como muitas outras, estão
enfrentando o desafio clássico de serem aceitas e adotadas," diz ela.
Em suas pesquisas, os dados mostram que a maior resistência vem dos moradores
mais idosos. Eventualmente porque ninguém gosta que outros fiquem vigiando a
hora que você toma banho - ou não toma.
"Em última instância", diz ela, "quando as pessoas tiverem uma compreensão
melhor do que essas tecnologias fazem, e verem uma utilidade que contrabalance a
sua intromissão, a adoção irá começar. Eu acredito que algumas tecnologias vão
ganhar impulso tão logo começarem a ser usadas."
Criador do iMac, iPod, iPhone e iPad, o designer industrial
Jonathan Ive acredita que produtos elegantes e eficientes, que despertem nas
pessoas uma admiração pela estética e não só pela utilidade, acabam vencendo a
cultura efêmera e descartável.
"Acho que a missão do designer está se tornando cada vez mais complexa e os
desafios estão mais intensos agora do que no passado. As consequências de um
erro também são mais graves hoje em dia", disse o britânico pouco após receber o
título de cavalheiro das mãos da princesa Anne, no Palácio de Buckingham, nesta
quarta-feira.
Após a cerimônia, o designer pode associar o título "sir" ao seu nome.
Chefe da equipe de design da Apple há 15 anos, Ive disse que sua paixão
sempre foi associar arte e engenharia.
"Me considero uma pessoa de muita sorte por duas coisas: uma, ter descoberto
o que eu realmente amo fazer, desenhar e criar coisas, e outra, poder ganhar
dinheiro com isso. Me dei conta de que era fascinado com objetos, o que eles
podem fazer e como são fabricados, quando tinha mais ou menos sete anos".
"Percebi que minha fascinação não era apenas com desenho, mas sim desenhar
para criar algo, para tentar explorar ideias, desenvolver ideias e então
construir algo a partir disso", acrescenta.
Ao comentar detalhes da indústria de tecnologia, na qual exerce um papel
crucial, Ive diz que tenta manter os aspectos mercadológicos e criativos
integrados, mantendo um objetivo claro.
"Não pensamos de forma separada, com um foco comercial e outro na criação do
produto. Nosso objetivo é muito simples: criar os melhores produtos possíveis e
temos muito foco, clareza e disciplina em toda a companhia de que esta é a nossa
meta (...) e entre as consequências disso estão o fato de as pessoas gostarem do
produto, comprarem e aí faremos algum dinheiro", diz.
Beleza e Reconhecimento
Questionado sobre o conceito de beleza e como se aplica ao seu cotidiano, o
britânico expôs um pouco da visão com a qual trabalha: "há uma beleza incrível
em um produto fabricado de forma elegante e eficiente que funciona de forma
intuitiva, que não requer que você leia um manual para aprender a operá-lo".
"Às vezes não conseguimos definir exatamente por que achamos algo bonito. Mas
de fato há diferentes níveis de apreciação por um produto".
Ele não esconde o orgulho que sente pelos seus produtos, que se transformaram
em objeto de desejo e alvo de imitações ao redor do mundo, e diz que perceber a
apreciação do público por suas criações é muito gratificante.
"Não criamos (produtos) para nós mesmos, mas para as outras pessoas. Quando
você vê outras pessoas usando seus produtos, é algo realmente empolgante".
Carreira Meteórica
Nascido em Londres, Ive mora há quase 20 anos em San Francisco, na
Califórnia, e atualmente é casado e tem dois filhos gêmeos.
Após se formar na Newcastle Polytechnic, atualmente Universidade de
Northumbria, Jonathan montou a agência de design Tangerine, ao lado de três
amigos.
Um dos seus clientes, a Apple, ficou tão impressionada com sua performance
que o convidou para se juntar à equipe, nos Estados Unidos, em 1992.
Quatro anos depois ele passou a ocupar o cargo de chefe da equipe de criação
e design, posição que mantém até hoje, sob o título de vice-presidente sênior de
design industrial.
Uma de suas primeiras grandes criações foi o iMac G3, em 1998. Três anos
depois, em 2001, lançou o iPod e posteriormente diferentes versões dos
computadores da Apple, além do iPhone e do iPad.
"Estou certo de que nossa indisposição para ouvir a respeito de qualquer outra coisa que não seja o sucesso nos torna especialmente vulneráveis ao fracasso que tememos". Para quem imagina que esta é uma frase de algum psicólogo ou guru de auto-ajuda devo informar que está profundamente enganado. Ela é a conclusão de um recente artigo escrito pelo respeitado economista Paul Krugman, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), intitulado "Sem tempo para perdedores".
O atual cenário em que vivemos – mudanças de paradigmas, incertezas mundiais e nacionais, ambiguidade, perdas financeiras, rompimento de modelos etc. – coloca em cheque todo um sistema que criou modelos de sucesso como busca de um estado permanente. Isto produziu nas pessoas, e especialmente nos sistemas de carreiras profissionais, um grande despreparo para lidar com fracassos, frustrações ou reveses. Especialmente porque o sentimento de manter-se sempre otimista parecia evitar situações adversas. Mas o que isto provoca é uma fuga da realidade. Ou, o que é pior, um total despreparo para encarar e administrar a realidade.
As análises que procuram comparar o atual momento sócio-econômico do mundo com a grande depressão de 1929/1930 são quase unânimes em demonstrar condições muito diferentes. A velocidade da informação entre mercados e países cria uma dinâmica mais intensa que exige outros parâmetros e ações. Estamos mais vulneráveis com a inter-dependência gerada pela globalização.
Mas o que não mudou foi a necessidade do ser humano de compreender todos estes fenômenos nas suas implicações sobre o seu comportamento e condutas. Negar a realidade ou criar "escudos" psicológicos de otimismo artificial podem terminar apresentando efeitos muito piores no médio e longo prazos. E não apenas sobre a nossa geração, mas as que nos seguem.
E a realidade é mutante e desafiadora no sentido de que muitas vezes podemos extrair excelente aprendizado daquilo que não deu certo ou não funcionou tão bem. Como dizia Machado de Assis quando se referia ao passar biológico do tempo, podemos pintar os cabelos, esticar a pele, mas tudo isto é externo. Interiormente, o tempo e seus efeitos persistem.
Portanto, é conveniente não apenas aceitarmos as alterações biológicas, ou psicológicas. Mas encará-las com as limitações e aprendizados que a vida nos proporciona.
Infelizmente nossos modelos de êxito e felicidade estão equivocadamente apoiados na conquista da fama. Mas esta nem sempre vem devidamente acompanhada de felicidade ou sucesso. São estados e sentimentos diferentes. Os inúmeros exemplos de fama que a mídia apresenta não garantem referências de felicidade pessoal e profissional.
Voltando ao artigo de Krugman quando se refere à sociedade americana, diz ele que "faria muito bem aos americanos se lessem livros de negócios que enfocam não apenas histórias de sucesso."
E isto se referindo a uma das sociedades onde mais se proliferam os gurus do otimismo, pastores eletrônicos, disque-felicidade, literatura de auto-ajuda e outras formas ou modelos em que o êxito é colocado como um estado a ser mantido permanentemente.
O grande risco destas formulas é que orientam as pessoas a manterem um estado de otimismo exterior. Ou seja, passando aos demais a impressão de que está "tudo muito bem" quando na realidade têm dificuldades para lidar com as incertezas e questionamentos individuais. Evitam olhar-se na perspectiva de um espelho interior.
Muitas pessoas que conseguem manter a aparência estão despreparadas para o confronto com a intimidade e suas próprias inseguranças. Para isso a maioria dos programas de auto-ajuda não habilitam as pessoas.
Voltando às observações de Krugman, quando fala dos executivos e empresários, diz que "embora de maneira inconsciente, a carreira empresarial exige uma enorme profundidade emocional. Uma atitude irônica ou um senso trágico da vida poderá torná-lo uma pessoa mais interessante. Mas poderá também prejudicar a perspectiva positiva que você precisa ter para tornar-se um executivo ou empresário de sucesso. E a literatura de negócios que quiser apenas conhecer coisas positivas está perdendo muito."
Confio que está ficando mais claro para muitos profissionais que, tendo que lidar com uma sociedade com tanta complexidade e incertezas como a atual, não existe uma solução única. E sonhar continua sendo importante. Mas não basta imaginar que existam formas mágicas que nos isolam ou impermeabilizam frente à realidade.
Aprender a lidar com as transições da vida, desemprego, aposentadoria, obsolecência veloz, queda de paradigmas, decepção com heróis etc. vai, a cada dia, tornar-se mais necessário.
Uma das grandes demandas do cenário atual é a exigência de criar capacidade de administrar de forma produtiva o fracasso e tirar dele o aprendizado necessário. Ou como diz Daniel Piza nos seus "aforismos sem juízo" que "não gostamos da depressão porque quando estamos nela nos sentimos próximos da verdade".