A cautela do investidor travou novamente uma dia de recuperação na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem. A geração de empregos nos EUA, conforme um influente relatório privado, não gerou entusiasmo em Wall Street, e na ausência desse estímulo, o investidor no mercado doméstico se rendeu a um temor recorrente: a perspectiva de que, além do aumento dos juros, o governo anuncie outras medidas para combater a inflação, por meio de medidas para conter a concessão de crédito.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, sofreu perdas de 1,71% no fechamento, aos 66.688 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,5 bilhões. O dólar comercial foi cotado por R$ 1,668, em alta de 0,24%. A taxa de risco-país marca 163 pontos, número 1,80% abaixo da pontuação anterior.
Analistas têm ressaltado que a Bolsa brasileira anda descolada das demais Bolsas nas últimas semanas, com as dúvidas do mercado sobre as estratégias do governo para conter a alta dos preços. Desde o final de 2010, as autoridades econômicas têm manifestado que devem diversificar os instrumentos para combater a inflação, para além do habitual ajuste nos juros básicos.
O forte crescimento da produção industrial brasileira, como revelado ontem pelo IBGE, reforçou a percepção de que o governo terá uma tarefa difícil pela frente, e gerou dúvidas. Nesse ambiente de incertezas, voltaram a circular rumores nas mesas de operações sobre as possíveis iniciativas da equipe econômica, o que ajudou a aumentar a aversão por risco. Desde a semana passada, o mercado ficou ainda mais preocupado com esse assunto.
“Se ele soubesse que o governo vai usar principalmente os juros para combater a inflação, teria como antecipar isso. O problema são as incertezas, e assim, o mercado não reage bem”, comenta Antonio Cesar Amarante, analista da Senso Corretora.
Entre as principais notícias do dia, a consultoria ADP registrou mais 187 mil vagas no mercado de trabalho americano em janeiro, só considerando o setor privado. Analistas de bancos projetavam uma cifra menos otimista: 150 mil. Esse número é visto com uma estimativa prévia do relatório payroll, a cargo do Departamento de Trabalho dos EUA, previsto para amanhã.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating da Irlanda, e advertiu que havia maiores chances de uma nova piora. Pelo sistema de classificação da S&P, o rating irlandês passou de A para A-, ainda enquadrada na categoria grau de investimento, reservado para países ou nações com menor probabilidade de calote.
O IBGE apontou um aumento de 10,5% na produção industrial brasileiro em 2010, o maior crescimento anual dos últimos 25 anos. Houve crescimento em 23 das 25 atividades, com o maior impacto no índice global veio do ramo de veículos automotores (24,2%).
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