domingo, 29 de janeiro de 2012

POST 1293: VOCÊ É “FINANCEIRAMENTE INFIEL”? Por André Massaro

Quando alguém fala em infidelidade num casamento, o que lhe vem à cabeça? A maioria das pessoas associa infidelidade à traição sexual e/ou afetiva. Alguns mais engraçadinhos já imaginam um grande e vistoso par de chifres na cabeça da “vítima” da traição.

Mas existe outro tipo de infidelidade, igualmente comum, que pode parecer inicialmente inocente, mas que acaba tendo efeitos tão destrutivos quanto as outras formas de infidelidade aparentemente mais “chocantes”. Estamos falando da infidelidade financeira.

A infidelidade financeira acontece quando, em um casal, um dos cônjuges (ou os dois) esconde informações financeiras do outro. Podem ser coisas pequenas e aparentemente insignificantes, como comprar um sapato novo e dizer para o marido que comprou em uma liquidação, por metade de preço (ou ganhou de alguém), até algo mais sério, como ocultar por muito tempo uma dívida gigantesca que compromete as finanças e o futuro da família.
Existem poucos estudos a respeito da infidelidade financeira no Brasil, mas nos Estados Unidos é um fenômeno bastante conhecido. Em 2011, o National Foundation for Credit Counseling fez uma pesquisa com aproximadamente 1.400 pessoas e chegou à conclusão que um em cada quatro entrevistados esconde ou já escondeu informações financeiras de seu cônjuge. Em 2005, uma pesquisa conduzida pela Harris Interactive apresentou resultados ainda mais preocupantes: de 1.800 entrevistados, um em cada três já cometeu ou comete infidelidade financeira.
A infidelidade financeira não se manifesta apenas pelo lado “gastador”, com compras e endividamentos. Muitas pessoas mantêm reservas, poupanças e “contas secretas” escondidas de seus cônjuges. Isso pode acontecer por várias razões, como a desconfiança na capacidade de gestão financeira do cônjuge (como aquela mulher que mantém uma “poupança secreta” para garantir o conforto da família, imaginando que o marido “ousado” vai quebrar a qualquer momento), ocultação de ativos antecipando um possível processo de divórcio ou a necessidade pura e simples de ter uma “graninha extra” para poder usar sem dar muitas explicações.
Cada casal tem suas próprias práticas e “políticas” em relação ao dinheiro. Alguns casais adotam a separação absoluta e a completa independência financeira dos cônjuges. Para esses, falar em “infidelidade financeira” não faz muito sentido. Outros casais também optam por manter as contas separadas, mas têm planos em conjunto e, nesse caso, algum grau de transparência se faz necessário. Mas quando o casal opta por unir as contas, qualquer deslize pode colocar tudo a perder.
Os efeitos da infidelidade financeira podem ser catastróficos. Uma dívida que cresce descontroladamente pode acabar com o mais apaixonado dos casais, e sabemos o quanto é fácil, aqui no Brasil, uma pequena dívida virar uma encrenca milionária por falta de controle. Deslizes menores, como a mulher que compra um sapato escondido ou o marido que põe a mão em parte daquela reserva que está sendo poupada para um novo apartamento para comprar um novo gadget eletrônico, podem ter um impacto financeiramente pequeno, mas criam uma fissura perigosa na confiança do casal, que pode abrir caminho para atos de infidelidade ainda maiores.
Uma forma de desencorajar a infidelidade financeira é o casal adotar um procedimento de planejamento e controle financeiro que envolva os dois, sem essa de “largar” as finanças na mão de um único cônjuge. Uma espécie de “reunião financeira mensal” onde o casal, em conjunto, revisa as contas e os planos.

Mas é complicado falar em desencorajar a infidelidade. Confiança é uma coisa complicada: ou ela existe ou não. Se um dos cônjuges sente que precisa adotar medidas de dissuasão, talvez seja o caso de fazer uma análise mais profunda dos valores e dos fundamentos nos quais a relação se apoia.

Texto publicado originalmente na EXAME


André Massaro
Administrador de empresas pós-graduado em economia.
Já foi executivo financeiro, consultor e investidor profissional.

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