sábado, 21 de janeiro de 2012

POST 1245: A ÚLTIMA TETA DO GOVERNO. Por Rodolfo Araújo

Enquanto o país mergulha no infame debate da Bela-Adormecida-que-foi-estuprada-ou-não, uma silenciosa entubada espreita-nos, contribuintes, numa medida irresponsável de nossa presidente - ou presidenta, como queiram.

Trata-se do famigerado caso das próteses de silicone francesas e holandesas que, adulteradas, começam a apresentar rupturas e ameaçar a saúde de suas portadoras. Sua Excelência, preocupada que é com a saúde pública, decidiu unilateralmente que o SUS deverá arcar com as cirurgias de remoção das tais turbinas. O mesmo vale para os planos de saúde que, por força da lei, também deverão cobrir a despesa.

- Viva a Dilma!
Vou ligar pra ela pra
ver se também posso...
O caso envolve má-fé dos fabricantes, que utilizaram material impróprio na confecção dos implantes que, mesmo assim, continuaram a ser comercializados no país, sob as barbas da distraída fiscalização sanitária.

Ainda assim, o Governo apressou-se em pagar a conta da pilantragem, mesmo sem ter a menor ideia de quanto isso vai custar aos cofres públicos ou particulares.

A parte do cidadão comum é fácil de entender, já que será pago com o meu, o seu, o nosso rico dinheirinho arrancado através dos impostos. Do outro lado, a coisa é mais sutil, já que os planos de saúde certamente darão um jeito de repassar a pemba, embutindo-a em alguma linha miúda do seu contrato de cobertura. Assim, se você tem plano de saúde, pagará por dois peitos, em vez de um.

Salvo em casos de mastectomia, relacionados a doenças ou outras causas - nas quais a medida do Governo é compreensível - colocar silicone nos seios é um procedimento puramente estético, eletivo, opcional, facultativo.

Qualquer cirurgia expõe o paciente a riscos diversos, desde a própria anestesia (geral, neste caso), até infecções, hemorragias e demais dissabores, relacionados a procedimentos que incluem um bisturi e linha de costura.

Ao escolher, por livre e espontânea vontade, submeter-se a este incômodo, o paciente (geralmente A paciente) assume todos os riscos envolvidos, inclusive o de ruptura da prótese - seja ela causada por defeito de fabricação, ou por uma buzinada mais empolgada.

De qualquer forma, o risco existe e foi assumido exclusivamente pelo paciente (normalmente pelA paciente, repito), no momento da decisão de fazer a cirurgia.

A ANVISA, que agora aparece montada em seu cavalo branco, deveria impedir que isso acontecesse, com uma fiscalização eficaz daquilo que ela permite que se venda no país (ênfase na parte "a ANVISA liberou a venda das próteses impróprias"). Depois de falhar espetacularmente nesta tarefa, entretanto, ela agora posa de mocinha da história quando, na verdade, é uma das vilãs.

A substituição é necessária, pois parece que o problema detectado é grave, de fato. Seria ótimo se nosso Sistema Único de Saúde tivesse dinheiro sobrando e nenhuma outra preocupação. Mas isso está muito longe de ser verdade, sabemos.

Aliás, mesmo que não apresentem defeito algum, as próteses devem ser trocadas a cada 10 anos, obrigatoriamente e a paciente sabe disso no momento em que toma a decisão. Se ela não tem dinheiro para fazer isso, muita gente também não tem dinheiro para fazer os tratamentos de saúde que o Governo, sem nenhum arrependimento ou culpa, igualmente nega.

Se o dinheiro está sobrando para os peitos - mesmo sem saber o tamanho da conta - está faltando para hemodiálises, transplantes, quimioterapia e diversos outros tratamentos bem mais penosos, arriscados e imprescindíveis. Com a diferença que ninguém optou por precisar deles.



Rodolfo Araújo
Mestre em Administração pela PUC-RJ; Pós Graduado em TI pela FGV-RJ; Bacharel em Comunicação Social pela UFRJ.
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