terça-feira, 27 de dezembro de 2011

POST 1154: GREVE DE CÉREBROS. Por Rodolfo Araújo.

Tomo este assunto já que estou em pleno aeroporto, viajando durante as festas de fim de ano, em meio a ameaças de greves dos aeronautas - ou aeroviários, sei lá. Ameaça é uma palavra que combina bem com greve, porque é exatamente isso que ela representa.

Perceba a força dos numerosos
grevistas em Congonhas
A greve é um instrumento extremo de negociação, através do qual uma classe profissional suspende as atividades até que suas exigências - normalmente salariais - sejam atendidas. Descrito assim, soa como chantagem. E é. Mas não deveria ou não precisava ser.

Quando feita da maneira correta, atinge seus objetivos sem traumas nem desavenças. Sem fanfarra, megafone nem passeata. Provavelmente sem sindicato também.

Os problemas começam quando os grevistas insistem que eles precisam chamar a atenção das pessoas. Em primeiro lugar porque prejudicar é uma péssima maneira de chamar a atenção. Em segundo, porque estão chamando a atenção das pessoas erradas.

A esmagadora maioria das pessoas que voa de avião não tem nenhuma influência sobre quem trabalha no setor. Então por que querem a minha atenção?

Eles realmente só chamam a minha atenção (e a de qualquer passageiro) quando fazem algo errado - e acho que é assim que isso deve funcionar. Numa greve, eles decidem e asseguram que tudo dará errado. E que todos sairão perdendo.

Querem pedir algo do governo federal? Então não precisa parar o país inteiro no Natal.

Parem apenas Brasília, numa quinta-feira qualquer. Impeçam que deputados e senadores voltem para casa no fim de semana e vejam se a solução não vem logo.

Querem pedir aumento? Então façam a greve no segundo dia do maior evento de turismo do país (porque todo mundo já terá ido, mas não terá como voltar).

Mas resolvam seus problemas com quem pode resolver seus problemas. Não usem sua profissão para prejudicar quem não tem nada a ver com isso. Até porque, a função dos passageiros neste mercado é outra: como clientes, eles pagam seus salários.

Se a bronca de vocês é com isso, então estabeleçam corretamente o objetivo e digam que estão em greve pelo aumento do preço das passagens. Digam que a culpa de vocês ganharem pouco é porque cobram apenas R$ 1.200,00 por uma ponte aérea Rio-São Paulo. Antevejo enormes sucessos, neste caso.

Outro pessoal que não entende muito bem o que esse lance de greve significa são os estudantes da USP. Recentemente eles entraram em greve também.

OK, mas como eu disse antes, você entra em greve quando pode privar a outra parte de alguma coisa que lhe faz falta. No caso dos estudantes, eles estão privando quem de quê? Se eles continuarem com a greve, o que pode acontecer? Eles serem jubilados? E isso é ruim para quem?

Antes de encerrar, deixo claro que não sou contra o direito de greve - desde que a pessoa seja forçada a trabalhar em determinada empresa, contra sua vontade. De resto, acredito que todo sejam livres para procurar outro emprego.

Ou ainda, que o direito de greve seja proporcional ao direito de demitir.

(Se você for me criticar nos comentários, peço a gentileza de acrescentar tudo o que o seu sindicato já fez por você - além de tomar-lhe um dia de trabalho por ano, sem a sua permissão.)

**********

Rodolfo Araújo
Mestre em Administração pela PUC-RJ; Pós Graduado em TI pela FGV-RJ; Bacharel em Comunicação Social pela UFRJ.
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