Acredite, desastres acontecem. Muitas vezes eles não dão sinais de sua iminência e, obviamente, não batem à porta pedindo permissão para destruir as previsões estratégicas da empresa. E adivinha qual é o capital estratégico mais valioso das empresas nesta segunda década do século 21... acertou quem respondeu Informação. Mas será que as companhias brasileiras estão dando a devida importância à prevenção contra a perda de informações, implantando políticas sérias de backup? Uma pesquisa divulgada na última terça-feira (20) mostra que não.
O Índice Global 2012 de Recuperação de Desastres da Acronis - empresa de soluções de recuperação de desastres e proteção de dados - revelou que apenas um terço das empresas brasileiras pesquisadas afirmaram que podem executar operações de backup e recuperação em caso de emergência O estudo foi realizado em 18 países durante os meses de setembro e outubro de 2011.
Executivos brasileiros não priorizam prevenção
De acordo com a Estratégia Internacional das Nações Unidas para Redução de Desastres, o mundo enfrentou 302 desastres naturais em 2011, como tsunamis e terremotos no Japão, e inundações na Austrália, Tailândia e Rio de Janeiro. No geral, os desastres totalizaram 366 bilhões de dólares em perdas financeiras.
Apesar de o ano passado ter sido um dos anos que mais registraram catástrofes naturais, o Índice mostra que empresas em todo o mundo estão em média 14% mais confiantes quanto às suas capacidades de backup e recuperação de desastres em relação ao ano anterior. O Brasil, no entanto, ficou em último lugar na lista dos 18 países pesquisados, que incluiu cerca de seis mil funcionários de TI de empresas com menos de mil empregados.
Xavier Aguirre, diretor de vendas da Acronis no Brasil, lembra que a situação do Brasil nesse cenário chega a ser preocupante. "A falta de prevenção põe em risco todas as operações, clientes, acionistas, fabricantes, uma cadeia completa que envolve várias empresas e pessoas. Preocupa muito ter uma economia como o Brasil nessa posição", explica.
Na pesquisa, os países foram classificados em uma escala de -5,0 a +5,0, com base nos níveis de confiança de suas capacidades de backup e recuperação. O Brasil teve o nível mais baixo, marcando -0,9 e a Alemanha a maior pontuação, com +2,1. Segundo a pesquisa, os gerentes de TI brasileiros entrevistados expressaram uma significativa preocupação em relação à qualidade de gerenciamento de seus sistemas de backup e recuperação de desastres, questionando se os recursos para implementar medidas abrangentes estão sendo usados pelas empresas que eles representam.
Embora os gestores tenham se queixado da ausência de recursos e políticas de gerenciamento de backup, apenas 13% dos CIOs brasileiros acreditam que suas equipes de segurança estão qualificadas para executar tais operações em caso de emergência (ataques pela internet ou desastres naturais, por exemplo). Outros 44% dizem que seus executivos de negócios (CEOs) não estão dispostos a implementar operações de segurança contra desastres e backups de suas organizações.
O preço do apagão
Todo mundo já ouviu falar no tal "sistema que caiu". Em todas as operações automatizadas - e são muitas, desde bibliotecas até bancos -, os clientes dependem do sistema de computadores. Muitas vezes sequer há alternativas quando é detectada uma sobrecarga, falha ou parada para manutenção. E o resultado todos nós conhecemos. Imagine se, por uma intervenção do acaso, todo o sistema for irreparavelmente danificado. Afinal, nunca se sabe se o Anonymous vai entupir os servidores de acesso da empresa ou quando uma tormenta de verão vai detonar tudo.
O prejuízo para as empresas brasileiras, segundo a pesquisa, chega a ser de até US$ 300 mil por ano devido a essas paradas nos sistemas. Por outro lado, erros humanos também podem comprometer os processos: entre os entrevistados no Brasil, 64% disseram que o fator que mais contribui para o tempo de inatividade é o erro humano.
Tiago Cardoso, gerente das operações locais da Acronis, explica que o Brasil se preocupa muito com o crescimento da infraestrutura e esquece de investir em maneiras de proteger e salvar os dados em caso de imprevistos. Mas quem não planeja, paga mais caro. "Como o empresário não tem dinheiro sobrando, investe no crescimento, mas não investe em segurança. Quando não planeja, ele não está correndo apenas o risco de pagar mais caro, mas de ir à falência. Grande parte das empresas que não conseguem recuperar seus dados em até 10 dias, não têm outra saída", diz.
Mas também há um dedo de cultura tupiniquim em relação a investimentos nesse panorama. Além de a grana ser curta, não é um investimento que dá retorno imediato, embora seja necessário. Se for comparar os custos de se ter uma infraestrutura alternativa para casos extremos ou um espaço em nuvem pública ou privada (29% das empresas disseram ter planos para investir em cloud computing), não se compara ao risco de ir à falência por conta de intempéries da natureza ou erros humanos.
É jornalista do Portal Administradores.
Fonte: Portal Administradores
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