A criatividade brasileira é famosa em todo o mundo, mas porque as companhias brasileiras não inovam tanto? A indagação, feita pelo professor de economia da USP e do Insper, Naércio Menezes Filho, durante o SAP Fórum 2012, é fundamentada por alguns fatos, entre eles, o número de patentes registradas e o investimento destinado à pesquisa e desenvolvimento (P&D). Para o especialista, essa pouca atenção à inovação tem tido impacto direto na produtividade dos brasileiros e, consequentemente, no crescimento sustentável.
“Só vamos ganhar mercado se tivermos crescimento sustentável. Como inovar mais? Temos uma questão fundamental que é a da educação. Conseguimos colocar crianças nas escolas, mas a qualidade ainda é muito ruim. E isso está relacionado com inovação e patentes”, comenta o professor.
Ele lembra que, embora o País possua grandes pesquisadores na área de ciência e tem ensaiado algum professo, é preciso se fazer mais. Outro ponto crítico na visão de Menezes Filho é o chamado custo Brasil, já que as companhias precisam dispensar muito tempo com tributação. “As leis de incentivo à inovação parecem não funcionar bem. Com inovação, aumenta produtividade, tem crescimento e reduz pobreza”, ressalta.
Com dados de diversos estudos produzidos em âmbito global, o professor lembra que a produtividade do brasileiro ainda está bem abaixo dos concorrentes globais. Se comparada à dos norte-americanos, por exemplo, é cinco vezes menos, e com os sul-coreanos, três vezes menos. Sem elevar esse nível, é complicado competir. “O crescimento da produtividade nos BRICS foi de 6% ao ano entre 2005 e 2010, no Brasil, 2% ao ano. Nosso PIB cresceu menos e crescemos a custa de empregos. Como crescer empregando mais trabalhadores se estamos em pleno emprego? Só com aumento da produtividade.”
O País peca também no número de patentes registradas e aí é possível questionar o que causa este efeito: falta de cultura de inovação? Aversão ao risco? Os fatores podem ser os mais variados. Avaliando a questão das práticas gerenciais, o Brasil também está atrás de diversos países que concorrem diretamente na roda do comércio global. “Nos EUA a distribuição é normal, tem algumas ruins, mas a maior parte está na média e outras são bem inovadoras. No Brasil, concentração é na adoção de práticas de gestão ultrapassada, sem sistemas de promoção baseada no mérito, sem metas e com critério de soluções de problemas mal gerenciado.” Menezes Filho frisa ainda que, esse levantamento levou apenas a gestão no setor industrial e que, em serviços, o nível é bastante pior.
Diante de todo o cenário, o Brasil, na análise do economista, precisaria trabalhar os seguintes pontos: infraestrutura, crédito caro, dificuldade de fazer negócio (abrir e fechar empresa), política competitividade, incentivo à inovação, práticas gerenciais ultrapassadas, qualidade de educação, estrutura tributária complexa e distância entre empresas e universidades.
FONTE: INFORMATION WEEK
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