Esse texto foi escrito no ano passado, por Márcio Mussarela* mas não deixa de ser atual. Portanto, segue:
Fazer um mea culpa nunca é fácil. Pedir desculpass então é mais difícil ainda.
Aqui nos
Estados Unidos a Apple fez o maior estardalhaço com o lançamento de seu Iphone
4, nas primeiras semanas foram vendidos mais de 3 milhões de aparelhos e tudo
ia muito bem obrigado até que alguém percebeu que o sinal do telephone sumia
quando você o segurava de uma determinada maneira.
Isso
bastou para que a internet tivesse uma enxurrada de videos mostrando o defeito,
que revistas especializadas fizessem matérias e manifestos sobre o assunto e
que um monte de gente caisse matando em cima da já tão massacrada Apple (não
precisa ter pena, eles estão superando a microsoft em valor de marca)
Foi ai
que apenas três semanas após o lançamento do aparelho a empresa faz um mega
recall e uma coletiva de imprensa para botar os pingos nos “i’s” (Iphone, ipad,
ipod, ietc) e mais uma vez o Sr empregos (jobs em inglês) fez uma bela de uma
apresentação.
Ele abre
a coletiva com um video do youtube que trazia uma música sobre o
acontecimento O refrão da música dizia: “se voce não quer um iphone 4,
não compre. Se comprou e não gostou traga de volta” (que já daria o tom da
coletiva)
Entra no
palco e faz seu pronunciamento mais importante.
Nós não somos perfeitos, Smartphones não são perfeitos e nós queremos
fazer nossos consumidores felizes.
Nós não
somos perfeitos – O mea culpa
Com isso
ele consegue a empatia de seus consumidores que conseguem enxergar o lado
humano e falível da marca. Antropomorfização: Atribuir habilidades ou
características humanas a algo inanimado como uma marca.
Smartphones
não são perfeitos – A generalização
Com isso
ele contextualiza o problema no mercado e atenua as criticas. Outra coisa boa é
que com isso ele divide a carga com todos os fabricantes ao invés de carregar
sozinho esse fardo e isso tudo sem fugir da sua responsabilidade. Não é mais um
problema da Apple é um problema dos smartphones e de todos aqueles que os
fabricam.
Nós
queremos fazer nossos consumidores felizes – O compromisso
Ao dizer
isso ele reafirma o compromisso com seus clientes. E mais uma vez cria
engajamento.
E de
final ainda lança um “e se mesmo assim você não estiver satisfeito pode trazer
o telefone para alguma loja que a gente reembolsa…” Como se ele estivesse
fazendo um imenso favor a quem se sentisse insatisfeito… Perfeito.
Durante
os 20 minutos seguintes o que ele fez foi apenas detalhar cada um dos tópicos
acima para comprovar sua argumentação.
Mas para
mim a mais importante escolha que ele fez foi qual emoção usar junto com as
palavras que ele escolheu. Um consumidor que visse Steve Jobs no palco naquela
coletiva de imprensa estaria além de tudo (e acima de tudo talvez) vendo uma
pessoa que dizia “eu quis muito fazer isso mas não deu certo, que droga. To
chateado, vou corrigir o erro e aprendo mais ainda com isso. Me ajuda? Olha
aqui o seu dinheiro de volta”
Isso cria
identificação,
que cria
empatia,
que cria
tolerância,
que cria
relacionamento.
Antes de
buscarmos uma razão lógica para alguma coisa sentimos primeiro nas raízes
emocionais dessa coisa. Se isso nos é dado todo o resto é aceito (ou rejeitado)
mais facilmente.
e talvez
a maior lição de todas e algo que luto com todas as minhas forças:
Para ser sério não precisamos ser solenes ou formais. Apenas humanos.
* Márcio Mussarela é comunicador corporativo, apresentador e palestrante.
0 Comentários:
Postar um comentário