Foz do Iguaçu – Na era da mídia digital, o consumidor
deixou de ser espectador para ocupar o centro do palco. Postagens em redes
sociais e blogs mostram o poder de quem antes era visto pelas empresas apenas
como alvo para mais uma venda.
Professora da Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM), que tem sede em São Paulo, Sandra Turchi diz que muitas
empresas ainda não entenderam o novo papel do consumidor neste cenário. Ela
participou de um evento em Foz do Iguaçu e falou sobre o tema em entrevista à *Gazeta
do Povo.
Qual a importância do marketing digital para as
empresas?
É importante as pessoas e as empresas entenderem a
necessidade de compor suas estratégias contando também com o digital. Ele até
pode ser entendido como um complemento, mas é fundamental. Não só a “geração
Y”, as pessoas mais novas estão todas conectadas. As empresas precisam
compreender as várias ferramentas que existem, as tendências para poder
elaborar suas estratégias e aplicar melhor. Não é sair fazendo. Por exemplo,
agora estão na moda as redes sociais. Você tem que pensar em uma estratégia
para estar com a presença on-line e montar perfis no Twitter e Facebook.
É preciso mais preparo?
Sim, o que percebemos é que existe uma demanda muito
grande por parte das empresas e das agências por pessoas com conhecimento nesta
área. Outro problema é que a universidade ainda não incorporou este tipo de
tema nos cursos de graduação. Existem cursos de férias, de média duração e de
pós-graduação, mas ainda é pouco. Do lado dos profissionais, percebemos que há
agências bastante especializadas em marketing digital. Mas as grandes agências
de publicidade sofrem ainda para acompanhar esta nova realidade porque, de
certa forma, não entenderam a importância disso a tempo e estão agora
adquirindo outras empresas especializadas no digital.
Qual é o motivo deste atraso?
A mídia na internet não surgiu com um potencial de
verba tão grande quanto a mídia de massa. Por isso tem potencial de ganho para
as agências ainda menor e foi deixada um pouco mais em segundo plano. Mas agora
é irreversível. O que é importante é conhecer as várias possibilidades não só
de redes sociais, mas também advergame, mobile marketing, e-commerce, social
commerce e por aí vai. Nós temos uma infinidade de possibilidades no mundo digital
que estão crescendo e mudando muito o modo de se fazer as coisas.
Com o acesso às mídias digitais a imagem das empresas
fica muito sensível. Isso favorece o consumidor?
Sem dúvida. Uma das mudanças é que elas trouxeram um
poder maior para a mão do consumidor. Não só um poder de barganha, porque ele
tem mais acesso à informação, mas um poder de estar no comando. Ele pode
influenciar outros compradores, pode influenciar as empresas a lançarem novos
produtos. O consumidor não é mais um mero espectador. Agora ele é um ator e
está no centro do palco. Hoje o consumidor tem poder de influenciar outros
compradores por meio das mídias sociais e de fazer pesquisas. Isso faz com que
ele esteja muito mais preparado no momento da compra. A pesquisa está um clique
de uma loja da outra. A pesquisa [em buscadores] hoje é a principal atividade
da web, seguida pelas redes sociais.
Então as mudanças partem das pessoas?
A rede é uma plataforma. Quem faz o que acontece na
rede hoje são as pessoas. Então é muito legal ver que a revolução é isso. Parte
das pessoas enquanto consumidoras, criadoras de conteúdo. Hoje você coloca um
blog no ar e influencia o mercado de várias formas com conhecimento que vai
brotando. Não são apenas os meios de comunicação tradicionais que estão de posse
das informações.
*Publicado em 26.08.2011 - Entrevista para o Jornal Gazeta do Povo (por Denise Paro)
Especialista em
Marketing Digital e E-commerce é Coordenadora e
professora do curso “Estratégias de Marketing Digital” na ESPM. Administradora
de empresas pela FEA-USP, pós-graduada pela FGV-SP e MBA pela BSP e Toronto University,
também cursou empreendedorismo pela Babson de Boston.
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