Recentemente,
minha esposa ficou gripada e saí para comprar remédios em uma farmácia perto de
casa. Meu primeiro susto foi que a concorrência está cada vez menor no ramo
farmacêutico, onde grandes conglomerados estão se formando e deixando o
consumidor sem alternativas. O segundo, o preço: por um xarope e um antibiótico
de 20 pílulas, R$ 149,00.
Com o
crescimento econômico e a entrada da chamada nova classe C na economia, tenho
percebido que grandes empresas aproveitam este momento para realizar grandes
lucros no Brasil. Balanços financeiros mostram que os grandes bancos
brasileiros, a cada ano, atingem lucros líquidos de alguns bilhões de reais.
Outras empresas, como petrolíferas, farmacêuticas, construtoras, indústrias automobilísticas
e varejistas, têm sofrido perdas no resto do mundo, mas vêm tendo seu balanço
equilibrado graças às filiais brasileiras.
Quando
se pensa em tirar uma ideia do papel e criar um novo negócio, é claro que o
empreendedor deseja o lucro. Porém, para que algo seja sustentável ao longo do
tempo, há um limite de preço que o consumidor está disposto a pagar por um
produto, principalmente quando este produto pode ser comprado por um valor
menor fora do país. Há um limite também para o desconhecimento do consumidor em
relação ao valor do dinheiro em comparação ao produto que se irá comprar.
De
forma alguma sou contra o lucro; quando se decide empreender, o lucro deve ser
buscado desde o primeiro dia da empresa. É isso que faz com que uma empresa
cresça, contrate funcionários, pague mais impostos etc., sempre movendo-se num
ciclo virtuoso.
No
entanto, é necessário repensar os modelos de negócio de modo que os lucros
sejam revertidos em benefício de uma sociedade mais justa e equilibrada, na
qual um cidadão comum possa comprar um remédio dentre diversas opções de
estabelecimentos e por um preço justo, por exemplo.
Afinal,
não podemos esquecer, em meio à euforia do crescimento da nossa economia, que o
consumidor brasileiro, em comparação com países desenvolvidos, está pagando
cada vez mais para ter moradia, carro, comida, vestuário, remédios etc. e as
empresas estão lucrando mais aqui do que em qualquer outro país.
O
lucro a qualquer preço deixa de ser uma forma de medir o sucesso de um
empreendedor e torna-se ganância, pois quase sempre coloca a qualidade em
segundo plano e torna a empresa menos humana. Esse empreendedor é prejudicial à
sociedade e raras vezes tem vida longa nos negócios. Lucro só é sinônimo de
sucesso quando for produto de qualidade, responsabilidade e consumidor
satisfeito.
Tiago
Aguiar
Apresentador e empreendedor, ficou conhecido por ter conquistado a sociedade com o publicitário Roberto Justus ao vencer o programa O Aprendiz 4 – o Sócio.
Apresentador e empreendedor, ficou conhecido por ter conquistado a sociedade com o publicitário Roberto Justus ao vencer o programa O Aprendiz 4 – o Sócio.
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