Como eu gostaria de ter
sido um atleta… Nunca levei muito jeito para a coisa, mas admirava as pessoas
que conseguiam fazer proezas físicas e para quem a boa forma era um estado
absolutamente natural. Minha inabilidade para esportes e atividades físicas em
geral ainda é algo um pouco misterioso para mim. Talvez eu não tenha sido
adequadamente motivado, mas o fato é que só comecei a dar uma maior importância
para a boa forma física quando virei adulto. Mais especificamente após os
trinta anos (não tenho dado tanta importância quanto deveria mas, acreditem, já
estive pior no passado…).
Eu comecei a dar um
pouco mais de atenção ao meu próprio corpo e à minha saúde depois de ter me
tornado um profissional de finanças com alguma experiência; então foi
inevitável, para mim, traçar um paralelo entre as duas coisas.
Uma coisa que eu já
havia aprendido sobre dinheiro (uma das coisas mais irônicas e contraditórias
do mundo das finanças) é que quanto mais você se “preocupa” com o dinheiro,
menos precisa se preocupar com ele. Isso significa que, quanto mais atenção
você der à sua situação financeira agora, menor será o risco de que você se
veja em uma grande enrascada financeira do futuro (aí, sim, você vai descobrir
o que é se preocupar…).
Descobri que meu corpo
funciona mais ou menos do mesmo jeito: quanto mais eu cuido dele “direitinho”,
é menor a possibilidade de que eu me veja na frente do médico ouvindo uma
bronca e, talvez, alguma má notícia.
Só que, apesar desse
paralelo, existe uma grande diferença entre as duas coisas. É possível você
“terceirizar” completamente sua vida financeira, colocando suas decisões de
consumo e investimentos nas mãos de amigos, cônjuges, gerentes de banco,
consultores, contadores ou o que preferir. Existem pessoas que passam por toda
a vida sem nunca terem visto um extrato da própria conta bancária. Seguem
placidamente sem ter a menor ideia do que acontece em suas vidas financeiras.
Já nosso corpo não
aceita muito bem essa terceirização. Eu posso contratar um personal trainer
para me preparar fisicamente mas, não importa o quão caro eu pague, não consigo
fazer com que ele entre em forma em meu lugar. Adoraria contratar alguém para
ficar fazendo dieta e exercícios em meu lugar enquanto eu colho os benefícios
disso mas, ao menos por enquanto, a biologia e a tecnologia médica não permitem
algo assim…
Voltando um pouco à
questão da terceirização das finanças, minha prática profissional mostra que,
apesar de parecer um ótimo negócio deixar tudo nas mãos de alguém, que vai
cuidar para nós daquelas “coisas chatas”, isso nem sempre é algo muito
positivo.
Com frequência
assustadora, sou procurado por pessoas passando por alguma situação financeira
complicada (e põe complicada nisso…) que foi originada por um acompanhamento
deficiente da própria situação financeira ao longo do tempo. Isso pode
acontecer por culpa da própria pessoa (muita gente gosta de acreditar que está
“tudo bem” até dar de cara com a dura realidade) ou de terceiros, que não estavam
tecnicamente preparados para a função ou agiram de má-fé mesmo.
É preciso deixar uma
coisa muito clara neste momento: nossa vida financeira não é “terceirizável”.
Temos que ter algum grau de controle sobre nossas próprias finanças. Podemos
até delegar algumas funções mais operacionais e maçantes, mas não podemos abrir
mão, jamais, das decisões importantes e de saber, a qualquer momento, o que
está acontecendo com nosso dinheiro.
Algumas pessoas acabam
recorrendo a profissionais financeiros como consultores pessoais ou mesmo os
próprios gerentes bancários para organizar e planejar suas finanças, mas o que
essas pessoas precisam mesmo é de um “personal trainer financeiro”, alguém que
não fará organização ou planejamento algum, mas a preparará e educará para que
se fortaleça financeiramente e se torne uma pessoa autônoma, independente e bem
informada para tomar suas decisões por si mesmas (e aí sim fazer seu próprio
planejamento). Se precisarem consultar alguém elas o farão, mas farão em busca
de informações e análises que ajudarão a refinar suas decisões, e não
simplesmente para perguntarem, com voz chorosa, “e agora, o que eu faço?”.
Faça um grande favor a
si mesmo: não entregue sua vida financeira “de bandeja” nas mãos de quem quer
que seja. Se for recorrer a alguém, recorra a um profissional que esteja
empenhado em prepará-lo e educá-lo para ter uma vida financeira saudável, e não
uma eterna relação de dependência. Invista em sua evolução pessoal e em sua
educação financeira.
André Massaro
Administrador de empresas pós-graduado em economia.
Já foi executivo financeiro, consultor e investidor profissional.
Mais de André Massaro AQUI
0 Comentários:
Postar um comentário