Apresentei no Congresso da ABRH (Associação Brasileira
de Recursos Humanos) em Brasília uma palestra sobre os desafios de capacitação
nas empresas. Vou dividir aqui alguns pontos que abordei na apresentação:
- o crescimento econômico brasileiro acima das médias
mundiais e a rápida recuperação do Brasil da crise do SubPrime nos EUA nos dão
indícios que apesar da crise europeia, a economia brasileira continuará
aquecida, o que gera aumento de demanda por profissionais e por maiores
produtividades (ambos relacionados a qualificação).
- A situação da educação básica no país, apesar dos
investimentos e esforços do governo, ainda é ruim comparada aos países
desenvolvidos. O Brasil ainda gasta pouco em Educação se comparado a países
desenvolvidos. (Unicef mostra que Brasil investe US$ 1,6 mil por ano em cada
estudante do ensino fundamental. É menos de um terço (28,76%) dos US$ 5 mil.
investidos por países desenvolvidos. Brasil continua no 88º lugar no ranking de
desenvolvimento educacional. A matéria prima para formação de mão de obra de
base, os candidatos recrutados para as empresas chegam com uma base fraca em
função da educação básica do país. Isso aumenta a distância entre o perfil do
recrutado e o perfil desejado, acrescendo o desafio de capacitação e transferindo
esse ônus de capacitação básica para as empresas.
- Com a globalização e crescimento do Brasil tivemos
aumento das relações e interações entre empresas (parcerias, fusões e
aquisições, etc..) levam a constante mudanças e alterações potencializadas
pelas cada vez mais rápidas atualizações tecnológicas –( Diploma, antes símbolo
de status e garantia de emprego para alguns, hoje não garante empregabilidade
por muito tempo). Essa velocidade de mudança das organizações, sejam públicas
sejam privadas, exigem que o RH esteja próximo e que seja parte integrante da
estratégia da empresa para ter a mesma velocidade para ajustar seus programas
de capacitação.
- Distância entre as instituições de ensino e as
empresas. Meio gerencial, por exemplo, na contratação de jovens, muitas das
vezes os recrutadores dão mais ênfase as características comportamentais e
sociais em detrimento da formação técnica dos candidatos. Mas as escolas estão
preparadas para formar características como visão estratégica, capacidade de decisão,
comunicação, liderança, criatividade, habilidade interpessoal?
- Por outro lado, nos últimos 5 anos quase 180 mil
profissionais de todas as partes do mundo mudaram para o Brasil segundo a coordenação
de Imigr do Min Trab. Durante o primeiro trimestre de 2010, das 11 mil
autorizações de trabalho, 60% para pessoas de alto padrão educacional e 80% a
funções técnicas.
- Até pouco tempo trabalhadores passavam a vida em
uma, duas, no máximo três empresas. Pesquisas mostram que esse número passou
para 11 em média nos EUA. Cenário sinaliza dificuldade de retenção e dúvida no
investimento para as empresas privadas.
- O conhecimento e a qualificação pessoal
(comunicação, liderança, adaptabilidade, etc…) passam a ser os fatores de
diferenciação. A sociedade passa a valorizar de fato a habilidade e a
disposição para capacitação nos seus profissionais. As constantes mudanças
tecnológicas e de processos das empresas forçam a esta valorização do saber
aprender, e traz a tona muitas tentativas de metodologias de suportar esse
saber aprender, com linguagens como a andragogia, e outras iniciativas.
Quais você acha que são os desafios de qualificação
nas empresas? Comente.
É mestre em Administração de
Empresas pela Stanford Graduate School of Business (Sloan), certificado em
Global Management. Possui dois cursos de especialização pela Harvard Business
School, um sobre em análise financeira e outro sobre mercado imobiliário.
Mais de Marcelo Miranda AQUI
0 Comentários:
Postar um comentário