Pessoal, durante a ExpoManagement 2010, eu conversei com o Beto Toledo, Diretor
de Midias on-line da Young&Rubicam, e chegamos a conclusão que as palestras
que não são realizadas pelos grandes gurus são as que mais nos surpreendem,
pois nossa expectativa em relação a elas é baixa e porquê você sempre encontra
documentação farta sobre as teses dos grandes gurus pela Internet.
Uma das palestras que se encaixam dentro dessa
premissa foi a apresentada por Sir Terry Leahy, CEO da gigantesca e
bem-sucedida rede britânica de supermercados Tesco que atua pelo mundo com mais
de duas mil lojas e mais de trezentos e cinquenta mil funcionários
transformando-se na maior rede de super-mercados do Reino Unido e a terceira
maior do mundo. Durante seus dez anos no comando, os lucros da Tesco subiram de
US$1,08 bilhão para mais de US$ 3 bilhões; suas vendas agora superam US$68,7
bilhões e o preço de suas ações quase dobrou.
Em sua palestra, Sir Terry Leahy apresentou 10 lições
de liderança que eu apresento abaixo com meus comentários:
1 – Encontre a verdade - O primeiro
passo para se resolver um problema, independentemente de seu tamanho, é
reconhecer a sua existência. Encarar a verdade de frente pode ser doloroso, mas
é extremamente necessário. Aliás, fugir deles é um dos passos apontados pelo
Jim Collins no seu livro “Como os Gigantes Caem?”. Para encontrar a verdade,
escute seriamente seus clientes e funcionários, principalmente aqueles que
investem seu capital emocional no futuro da empresa. Ouvir verdadeiramente seus
clientes e funcionários é ter na mão o mapa do desenvolvimento futuro de sua
empresa;
2 – Tenha metas audaciosas – Tenha metas
audaciosas, mas tenho cuidado com a forma e a razão por trás dessas metas, pois
a maioria das empresas definem metas de forma equivocada e acabam por gerar
comportamentos não-éticos por parte de seus funcionários. Pensem em definir
metas ligadas ao valor que você deseja gerar para seus clientes. No caso da
Tesco, não importa o Market Share, o que eles querem é ser a escolha número 1
de seus clientes;
3 – Visão, Valores e Cultura – Visão,
valores e cultura importam mais do que estratégias de marketing e objetivos
financeiros. O lado soft das empresas ganha mais importância do que o lado hard
das empresas. É preciso compartilhar significado entre empresas, funcionários e
clientes. É como disse o Daniel Pink no seu livro “O Cérebro do Futuro – A Revolução
do lado Direito do Cérebro” quando afirma que o século XXI é o século em que a
sensibilidade terá mais importância do que a racionalidade. Nesse sentido,
procure tratar as pessoas com respeito em primeiro lugar;
4 – Siga seus clientes – Com o crescimento
das redes sociais, os clientes passaram a ter um poder e uma maior participação
no processo econômico. Escutar e, principalmente, estabelecer conversas com
seus clientes é fundamental para acompanhar a mudança, pois seus clientes mudam
mais rápido do que sua empresa pode acompanhar;
5 – A direção e a visão estratégica – Tem um
princípio de gestão da Toyota que eu gosto muito que é “A Direção é mais
importante que a velocidade”. Estratégias devem ser compartilhadas com todos os
funcionários das empresas. Isso é torná-la viva dentro da empresa. Por essa
razão que a liderança da empresa deve atuar como conectores de uma rede para
facilitar o fluxo de informação interna na empresa. Isso gera confiança,
aumenta a auto-confiança e a auto-estima de seus funcionários;
6 – Pessoas, Processos e Sistemas – É preciso
criar sentido na relação entre pessoas, processos e sistemas. O problema é que,
na maioria das empresas, esses três elementos estão desconectados. Esse
problema torna-se mais grave ainda em grandes empresas, pois, como existe
concentração exagerada de poder no topo da pirâmide em detrimento das pontas, o
processo de comunicação torna-se caro e extremamente complexo. Nesse sentido,
acredito que a redes sociais tem o poder de facilitar essa comunicação e, dessa
forma, aproximar os diversos setores existentes nas empresas;
7 – Pense de forma enxuta – Atenção aos
detalhes, principalmente nos pontos de intersecção dos processos existentes
dentro das empresas. Não pode haver bola dividida;
8 – Competição é importante – Quanto
melhor é seu concorrente, mais você aprende. Nesse ambiente, o cliente é seu
melhor consultor. Conflito também é importante para ajudar a encarar de frente
a verdade dos problemas existentes nas empresas. Aliás, tenho uma frase que eu
gosto muito que é “Onde 10 concordam, 9 são dispensáveis”. Conflito também é
bom para gerar a faísca da inovação;
9 – O simples é melhor que o complexo – Complicar é
fácil, simplificar é que é difícil. Essa realidade torna-se mais problemática
diante do fato que as empresas cresceram muito para cima e em complexidade,
afastando quem decide os rumos das empresas de quem realmente importa para
qualquer decisão que é o cliente. Crie uma cultura de simplicidade. Isso
facilita criar senso de propósito comum entre seus funcionários, mas lembre-se
que simplicidade tem a ver com comunicação interna. Facilite o fluxo de
informação e você alcançará a simplicidade;
10 – Liderança – Gostei da definição de liderança de Sir Terry
Leahy. Para ele: “Liderança é você fazer as pessoas irem mais longe do que se
fizessem isso sozinhas” É preciso que os lideres desenvolvem os seus pontos
fortes que irão desenvolver os pontos fortes de seus funcionários.
Concluindo, cada vez mais ganha importância
desenvolver o lado soft das empresas. Na minha opinião, transparência e
confiança serão os pilares principais dos modelos de gestão do futuro nas
empresas, principalmente diante do aumento da complexidade no mundo dos
negócios. Afinal de contas, acesso facilitado a informação é o grande driver da
mudança na economia e na gestão das empresas.
Um abraço.
“Keep the Faith”
Formado em ciência da computação
pelo Uniceub em Brasília e MBA em planejamento e gestão empresarial pela
Universidade Católica de Brasília.
Mais de Marcelão AQUI
0 Comentários:
Postar um comentário