O mundo está cansado de ler análises de acadêmicos, uns sugerindo que a Grécia saia do Euro, tipo Paul Krugman, e outros sugerindo que fique mas não acate as demandas da Alemanha, por exemplo.
Este lenga lenga da Grécia já dura quase dois anos, e já são pelo menos quatro anos que seus problemas são conhecidos.
Digamos que você é um Eike Batista, disposto a investir. Responda a uma destas questões.
1. Você investiria na Grécia sabendo que ela decidiu não sair do Euro, e já faz seis meses que está seguindo o prometido?
2. Você investiria na Grécia sabendo que ela já saiu do Euro, e já se passaram os piores seis meses e as coisas estão melhorando?
3. Você investiria na Grécia não sabendo se ela fica ou sai do Euro, e lendo todas estas análises pró e contra?
O problema da Grécia é que ela não toma decisões.
E quem não toma decisões permite que problemas acumulem, não só para si, mas para os outros, como agora a Espanha.
A inércia de um único país com menos que 2% do PIB da Europa, está começando a contaminar os 98% restantes. Por quê?
A Grécia também é gerida por amadores e acadêmicos perfeccionistas que preferem tomar decisões 100% certas, mesmo que demorem quatro anos, do que tomar decisões 80% certas, e rapidamente, correndo o risco de não analisar uma saída academicamente perfeita.
O Brasil vem acumulando problemas, minha gente, como a Grécia.
Como faz falta um Henrique Meirelles neste governo, que pelo jeito abandonou o seu sonho de ser político.
Dilma está agora consultando acadêmicos que acham que o Brasil é a fabrica de alfinetes da época de Adam Smith, onde uma intervenção aqui e ali de fato funcionava.
Acontece que a economia brasileira é muito mais complexa do que isto, e intervir sem entender direito as consequências não previstas é um crime administrativo.
Investidores internacionais estão fugindo em pânico do Brasil, razão desta queda de 69.000 para 53.000 pontos da Bolsa.
A prisão dos executivos da Chevron, a ajuda parcial à Ford e GM, o SuperCade, o BNDES, estão mostrando que seremos novamente um país comandado não por regras éticas, mas por caprichos acadêmicos de desenvolvimentistas que nunca trabalharam na vida, mas sabem tudo do assunto.
Texto de Stephen Kanitz
Administrador de Empresas. Conferencista, Escritor.
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