HEWLETT-PACKARD Vs TEXAS INSTRUMENTS
David Packard em 08 de março de 1980 preparou um discurso para seus
funcionários, pois estava preocupado com a capacidade da HP em desenvolver
talentos gerenciais de alta competência como elemento-chave para o
funcionamento de sua empresa, considerando que a revolução eletrônica colocara
sua empresa numa incrível trajetória de crescimento.
Depois de dar boas vindas aos funcionários, começou seu discurso:
Acho que erroneamente muitas pessoas supõem que uma empresa existe para
simplesmente ganhar dinheiro. Ao mesmo tempo em que isto é importante, temos de
ir mais fundo e descobrir quais as verdadeiras razões de nossa existência.
Ao investigar isto, chegaremos à conclusão de que um grupo de pessoas
se une e passa a existir como uma instituição a que chamamos de empresa a fim
de atingir alguma meta em conjunto, algo que não conseguiram fazer
separadamente.
Você olha em volta, no mundo dos negócios em geral e vê pessoas que
estão interessadas em dinheiro e nada mais, mas os impulsos subjacentes vêm
basicamente de um desejo de fazer algo mais, um produto, prestar um serviço,
fazer algo de valor.
Portanto, com isto em mente, vamos discutir por que a HP Company
existe. “O verdadeiro motivo de nossa existência é fornecer algo singular, que
contribua de alguma forma”.
As pessoas que trabalhavam com David descrevem seu estilo como prático,
direto, com postura de “arregaçar as mangas e botar a mão na massa”.
Ele deixou bem claro que a HP Company deveria ser gerenciada “em
primeiro lugar para dar uma contribuição à sociedade” e que a “principal tarefa
é projetar, desenvolver e fabricar os melhores equipamentos eletrônicos para o
progresso da ciência e o bem estar da humanidade”.
A Texas Instruments
A TI não possui tal tipo de declaração, não se encontrou indícios de
que sua postura não fosse somente “ganhar dinheiro”.
A TI se define quase que exclusivamente em termos de tamanho,
crescimento e lucratividade, mas muito pouco em termos daquilo que David
Packard chamava “o porquê do negócio”.
Em 1949 Pat Haggerty, presidente da TI deu a sua “sentença” para a TI; “Nós
somos uma boa pequena empresa, agora temos de nos tornar uma boa grande
empresa”. Esta preocupação obsessiva por tamanho e crescimento é muito pequena
quando comparada ao porque existe.
As pesquisas comprovaram que todas as metas corporativas da TI, contrário
das da HP, eram puramente voltadas para o crescimento econômico financeiro.
Ler, comparar, destacar os fundamentos de negócios de ambas e discutir
suas conclusões.
Pois é, pessoal.
Falar, escrever sobre negócios é “moleza”, tá cheio de gente verbalizando,
digitalizando, “artigando” sobre este assunto.
Mas afinal, qual a definição deste modelo de atividade, tem tanto, mas
tanto por ai, que se “chacoalhar” não sobra nenhum certo.
Sabem por que? Tudo é cópia, modismo versado ou traduzido, porque “lá”
onde foi criado vem junto na “bula” um ingrediente que aqui não é praticado,
“pularam”, “omitiram”.
O ingrediente é a conjugação necessária e fundamental para os
executivos aplicarem devidamente, este conceito em suas empresas.
Junto com ele devem-se agregar mais três componentes; visão, meio
ambiente e talento.
Pronto, agora sim, complicou e sabem por que, para conjugar estes três
é preciso abrir mão da centralização, da verticalização, do “eu já sei de
tudo”, do “sempre deu certo, pra que mudar”, “estamos indo bem, não precisa
dessas coisas” e assim por diante, citações semelhantes que vocês, leitores já
devem ter ouvido pessoalmente ou algum amigo já lhes contou que na empresa dele
isto, de fato, acontece.
·
63.2% dos dirigentes deste pais administram suas
empresas por improviso.
·
90,0% das empresas no país são de origem familiar.
·
60% do PIB Brasil vem das empresas familiares.
Isto quer dizer que destes 90,0%, temos 56,9% despreparados para
compreender o conceito de negócio, imagine se adentrarmos em aspectos, como
endocultura (versão correta para endomarketing), comunicação organizacional, formação
estrutural horizontalizada e assim por diante.
Vejam ainda que há estudantes de nível de graduação que passam por mim,
em minhas salas de aula, inclusive em último ano de faculdade ou um pouco menos
que nunca montaram na prática um plano de marketing. Um absurdo; não é não, é verdade. Há muitos anos tenho
tentado consertar isso; não vou parar.
Imaginem então remover as teias de aranha da cabeça deste contingente
de “empresários” de que para implementar posicionamento de negócio é
fundamental, antes, reposicionar sua visão em relação ao meio ambiente externo
e complementar com desenvolvimento de talentos e competências.
Este ângulo pelo qual descrevo fatos é um, mas ao mesmo tempo em que
reflete incompetências nos dá ânimo para concentrar esforços, pois estas
situações são as ameaças que simultaneamente são oportunidades.
Já imaginaram o quanto poderiam contribuir a maior para o PIB ao se
profissionalizarem um pouco mais, mas para isto teriam de abrir mão das
resistências culturais.
Para dar mais certo do que errado e reduzirmos o tempo de absorção é
preciso, que vocês, da nova geração Y e Z mudem estes padrões, demonstrem suas
habilidades e competências trabalhando, estudando, pesquisando, lendo,
“furungando” tudo que puderem para reverter às estatísticas que mencionei
acima.
Tá cheio, mas tá cheio de empresas por ai com aqueles quadrinhos
pendurados em todas as paredes de todos os departamentos com frases bonitas
sobre “negócio”, “missão” e “valores e ou princípios”. Certo, bonito, mas aqui
vai uma pergunta – Quantas vezes os líderes destas empresas desceram de suas
cadeiras, pelo menos duas vezes ao ano para pesquisar se estes elementos estão
de fato sendo implantados em suas empresas?
Quantas vezes fizeram ou mandaram fazer uma pesquisa de satisfação ou opinião
sobre o quanto seus funcionários estavam, de fato, praticando os valores e ou
princípios estabelecidos. Quantas vezes fizeram avaliações de desempenho de
seus gestores para identificar se estão promovendo endocultura em suas
organizações?
Há por ai no mundo dos negócios grandes propostas que avaliam tais
circunstâncias e logo em seguida propõem mudanças, ajustes, adaptações a novos
perfis de comando nas organizações, como por exemplo, o Modelo de Excelência da
EFQM – European Foundation for Quality Management (http://www.efqm.org/partnership_distribution/npo_details.htm.) entre tantas outras, pesquisem, pesquisem, “furunguem” “furunguem”,
sejam detetives, inovem, mudem.
Miguel Zacarias Neto
Graduado em Economia, Especialização pela Fundação Brasileira de Marketing.
Pós-Graduado em Administração Mercadológica pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Professor da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves, entre outras instituições de ensino superior. Diretor da Marketing & Associados Consultoria Empresarial.
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