Em sua carta anual aos acionistas da Berkshire Hathaway, divulgada no sábado, o megainvestidor Warren Buffett aconselha que as pessoas não se endividem, que tenham sempre uma reserva de dinheiro (liquidez) e menciona as lições deixadas por seu avô, Ernest, para explicar sua “extrema aversão ao risco financeiro”.
Buffet incluiu no documento uma carta datilografa por seu avô em 1939 e endereçada para o seu tio, Fred. “Ernest nunca cursou uma faculdade de negócios – ele sequer terminou o colegial –, mas ele sabia da importância da liquidez como uma condição para assegurar a sobrevivência”, escreve o megainvestidor.
Na carta, Enest conta a Fred que conhecia muitas pessoas que haviam sofrido, de diferentes formas, porque não tinham dinheiro disponível, à mão. "Acredito que todo mundo deveria ter uma reserva”, escreve.
Por isso, Ernest havia depositado US$ 200 em um envelope quando Fred se casou com Catherine, 10 anos atrás. E que, com as contribuições feitas a cada ano, havia agora uma economia de US$ 1 mil.
Ernest aconselha que o casal coloque o envelope em um cofre para caso precise de um dinheiro rápido, o que ele esperava que nunca acontecesse. “Eu sugiro que você gaste o mínimo possível e que reponha assim que possível”, aconselhou o pai ao filho.
"Você pode achar que deveria investir esse dinheiro e obter uma receita extra. Esqueça. A satisfação mental de ter US$ 1 mil em que você pode colocar a mão vale mais que qualquer juro que esse dinheiro poderá lhe trazer", afirma.
Lições de 2008
No documento aos acionistas da Bershire Hathaway, Buffet critica o endividamento excessivo, que levou à crise das hipotecas em 2008, comparando-o a um vício que precisa ser combatido.
“Inquestionavelmente, algumas pessoas ficaram muito ricas com o uso de dinheiro emprestado. No entanto, esse também é o caminho para se ficar muito pobre. Quando o endividamento funciona, engrandece seus ganhos... e seus vizinhos o invejam. Mas o endividamento vicia. Assim como aprendemos no terceiro ano – e alguns aprenderam em 2008 – toda série de números positivos, por mais impressionantes que sejam, evapora quando multiplicada por um simples zero. A história nos conta que o endividamento também produz zeros, até mesmo quando empregado por pessoas muitas inteligentes”.
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