SÃO PAULO – Muitas empresas estão na internet, mas quando se trata de saber usar a web para lucrar, apenas uma minoria delas é capaz de fazê-lo. A maioria peca por não saber conquistar o público.
A estratégia de lançar um produto ou uma promoção para ganhar mais “seguidores” é uma das ações mais comuns adotadas pelas companhias nas redes sociais. O objetivo é conquistar o cliente, aquele que vai gastar consumindo uma marca.
O resultado vem, e geralmente vem bem rápido, instantâneo, mas com a mesma rapidez que a empresa conseguiu esse cliente ela o perde. Isso ocorre porque o investimento é pontual. Não há a preocupação de fidelizar esse consumidor. Em regra, são ações isoladas que, num primeiro momento atraem o interesse, mas que pelo fato de não haver sequência se perdem completamente.
E o mais curioso é que essa falta de um melhor relacionamento com o cliente (internauta) ocorre justamente nas redes de...relacionamento.
Saindo do mundo virtual para o real, é como se o rapaz que tem interesse na garota fizesse de tudo no primeiro encontro para ganhar a sua atenção e nos dias seguintes a abandonasse completamente. Consequentemente, ele a perde. Causar boa impressão de cara é importante, mas não é tudo. O mesmo vale para as empresas em suas empreitadas na web.
“As empresas pecam por realizarem ações num primeiro momento nas redes sociais e depois abandonarem o cliente. Conquistar um grande número de sequidores no Twitter, por conta de uma promoção, tem pouco valor se a companhia só volta a se relacionar com o internauta três meses depois, com uma nova ação promocional. O relacionamento é algo constante”, afirma Jeff Paiva, diretor de Interatividade da agência de publicidade Neotix e professor de Mídias Sociais da FAAP, um dos debatedores do último dia do Social Media Week, evento realizado nesta semana em São Paulo.
Para Marcus Andrade, fundador do Guidu, rede social voltada ao entretenimento e ao lazer, com dicas de baladas, bares e restaurantes, o desafio maior está no produto.”Penso que o maior desafio para quem pretende ganhar dinheiro na intenet é tornar o produto relevante. No nosso caso, sabíamos que muitas pessoas trocavam informações na web. O que fizemos foi organizar essas avaliações sobre os lugares que as pessoas visitam. Criamos um ambiente para essas discussões”, diz.
De mesma opinião, Fábio Seixas, confundador da Camiseteria, um serviço que trabalha com vendas de camisetas com estampas elaboradas por usuários, acredita no potencial da internet para alavancar o negócio. “Há várias redes sociais. Basta ter um produto inovador que a internet faz desse produto de sucesso algo muito maior. As redes sociais ajudam para que tenha mais sucesso”.
Segundo ele, existe vida fora da web, mas em breve quem não estiver nela pode estar fadada ao fracasso. “Hoje, a internet não é imprescindível para todas as empresas. Porém, é possível que num futuro próximo ela seja tão fundamental para as companhias quanto o telefone é hoje para as pessoas”.
Também presente no evento, a jornalista Viviane Rodrigues, do jornal Financial Times, seguiu a opinião dos outros debatedores, relacionando o sucesso das empresas na internet - em ações promocionais ou na criação de negócios bem-sucedidos – à qualidade e à capacidade do produto de atrair clientes. “As iniciativas em redes sociais por si só não se sustentam. Somente com iniciativas boas e viáveis é que se consegue atrair as pessoas”.
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