Pessoal,
No mês passado [obs: esse texto é de outubro de 2010 mas muito atual]
a Blockbuster anunciou seu pedido de concordata nos Estados Unidos (a
Blockbuster no Brasil, cujos direitos de exploração da marca pertencem às lojas
Americanas, não foram atigidas pelos efeitos da concordata). Um dos motivos
para as dificuldades enfrentadas pela empresa é o crescimento de empresas de
aluguel de filmes com delivery e serviços de streming de vídeo.
Com a tecnologia disponível nos nossos lares nos dias
de hoje é previsível que o negócio de locação de filmes tende a mudar. Os que
não se reinventarem tendem a seguir caminho semelhante ao da Blockbuster
americana. O curioso é pensar como uma empresa controlada por gigantes da área
de comunicação não se antecipou a essas mudanças.
Sempre que leio casos como esse da BlockBuster em que
empresas não percebem as mudanças que surgem no ambiente de negócios, lembro da
metáfora do sapo. Se você colocar um sapo vivo dentro de uma panela com
água fervendo imediatamente ele saltará em fuga, pois ele percebe a ameaça
imediatamente na sua própria pele. Porém, se você colocar esse mesmo sapo em
uma panela com água fria e for esquentando-a gradativamente ele morrerá cozido,
pois o sapo – assim como nós – não percebe as mudanças ocorridas no seu
ambiente.
Vamos imaginar o que se passa na cabeça do sapo
enquanto água está esquentando fazendo uma associação com o modelo dos 5
estágios de queda das empresas propostos por Jim Collins no seu livro “Como as
Gigantes caem?”:
Estágio 1 – O excesso de confiança proveniente do
sucesso
- 28o – Humm, estou tão bem!
- 30o – Alguma coisa está estranha, mas eu sou um sapo e me adapto fácil.
- 32o – Conheço tudo e sei que vou me dar bem.
Estágio 2 -A busca indisciplinada por mais
- 33o - Quer saber? Posso aguentar mais. Consegui aguentar até aqui e posso aguentar mais;
- 35o – Vou expandir minha ocupação;
Estágio 3 – A negação de riscos e perigos
- 36o – Ué! Que está havendo? Estou me sentindo desconfortável.
- 38o- Estou sentindo um calor…
- 39o-Não estou me sentindo nada bem.
- 40o – Acho que estou ficando estressado.
- 42o- É, realmente estou me sentindo mal. Acho que vou esperar um pouquinho para ver se eu melhoro.
Estágio 4 – A luta desesperada pela salvação
- 43o- Ih! Não estou nada melhor. O que será que está acontecendo,em?
- 44o-Se continuar assim vou tomar uma providência inovadora. Vou arrebentar no mercado.
Estágio 5 – A entrega à irrelevância ou à morte
- 46o – Apesar de todo o conjunto de inovações, nada dá certo.
- 48o- Eu devia ter agido antes e resgatado o simples, agora é tarde. Estou sem forças, desanimado.
- 48o- Sapo fervido. Morreu sem, ao menos, saber o que o matou!
O sapo, por ser um anfíbio, é um animal que mantém a
temperatura interna de corpo igual a temperatura do ambiente em que está.
Existem duas perspectivas a serem consideradas na
vida: a interna ou absoluta, aquela que você se compara a você mesmo e a
externa, relativa ou ambiental, quando você se compara ao meio ambiente. Como o
sapo só se utiliza da interna, vai se melhorando, se ajustando até que chega ao
limite da sua capacidade e morre. É um bom comportamento só não é suficiente.
A metáfora do sapo ilustra um padrão de comportamento
que muitos profissionais têm frente ao tipo de mudanças que ocorrem no mundo
corporativo atualmente. As pessoas ou organizações que usam deste pensamento
costumam dizer:
- Ah, aqui sempre foi assim! Para que mudar?
- Ih, melhoramos muito! Você precisava ver como éramos
antigamente.
No mundo de hoje, onde as mudanças são cada vez mais
frequentes, devido a velocidade com que a informação circula pelo mundo, quem
só olha para o próprio umbigo, não as percebe, e como o sapo, não sobrevive.
A pessoa busca resolver novos problemas usando os
mesmos métodos e recursos que davam certo com os antigos problemas. Einstein já
dizia: “Os problemas significativos com os quais nos deparamos não podem ser
resolvidos no mesmo nível e estado mental em que estávamos quando eles foram
criados”.
Muitas vezes os sinais da mudança estão escancarados
na nossa frente, mas teimamos em ignorá-los, e continuamos trabalhando para nos
ajustarmos, se espremendo, fazendo economia, cortando investimentos,
sacrificando o futuro da empresa em troca do presente e não percebemos que está
na hora de mudar, encontrar um novo caminho, desenvolver novos, recursos e
métodos.
É preciso entender que muitas vezes chegamos ao ponto
de ter de decidir se ficamos no bem bom ou arriscamos saltar para fora da
panela, sem que se tenha certeza absoluta de onde vamos pousar. Contudo, quem
não arrisca não petisca.
Por essa razão é que são precisos novos mapas para
navegar novos mundos.
Um abraço.
“Keep the Faith”
Formado em ciência da computação
pelo Uniceub em Brasília e MBA em planejamento e gestão empresarial pela
Universidade Católica de Brasília.
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