Steve Jobs
Este texto foi publicado na edição de 29 de agosto de 2011 do jornal Meio
& Mensagem:
Ele decidiu que você teria uma vida diferente.
E você aceitou.
Decidiu que você passaria boa parte do tempo na frente de uma tela de
umas poucas polegadas e que, por isso mesmo, essa tela deveria ser gráfica e
viva, ao invés de monótona e cheia de linhas de texto verde ou âmbar.
Decidiu que ao invés do teclado, boa parte dos seus comandos para essa
tela seriam dados através de um trequinho que desliza na mesa.
Decidiu que você não usaria essa tela apenas no trabalho e sim, teria
uma parecida em casa.
Mesmo com muita gente dizendo que um aparato desses em casa era
desnecessário, insistiu que a coisa era útil para realizar tarefas que nem
sequer sabíamos que poderiam ser realizadas de forma mais simples, como escrever
textos, controlar saldo e outras atividades que hoje fazem parte de
nossa rotina.
Mais do que isso, ele sabia que você seria capaz de criar, de produzir,
se tivesse as ferramentas certas.
Assim, de certa forma, ele acreditou em você.
Mas o destino não ia faze-lo parar por aí.
Que improvável que um sujeito sem formação específica tenha tido o
drive de simplesmente não parar de criar.
Por uma dessas reviravoltas que o destino dá, se transformou no Walt
Disney do nosso tempo.
Nos apresentou a brinquedos que ganharam vida como nunca vimos antes, e
na Pixar nos trouxe outras histórias singelas que conectaram adultos e crianças
como há muito não acontecia.
Que ironia que alguém tão tecnológico, tenha sido capaz, também, de um
feito tão humano.
Então veio a segunda onda.
Decidiu que teríamos que usar fones de ouvido pelas ruas, porque
conseguiu enfiar todas as músicas que temos dentro de uma caixa menor do que
um maço de cigarros.
Aprimorou suas invenções no limite da tecnologia disponível na forma de
uma traquitana portátil, que fez com que toda gente saísse pelas ruas,
pelos metrôs, ônibus e carros, conectada virtualmente com outras pessoas que
tinham telinhas iguais.
A gente tem sorte de viver em seu tempo e ter testemunhado tudo isso
acontecer.
Steve Jobs não é um gênio à moda antiga. Não é um sujeito que escreveu
teorias que precisarão ser provadas e que mudarão o rumo da física.
Nada disso.
Jobs é um gênio 2.0, um gênio do nosso tempo.
Mais que um gênio criador, um gênio viabilizador.
Seu mérito não está necessariamente em inventar, mas sim em
possibilitar a existência.
E mais do que apenas existir. Existir com brilhantismo, graças a sua
paixão pelo design.
Da interface gráfica ao tablet. Do mouse ao
smartphone pouca coisa foi inventada por ele.
Quem sabe o fato de ser adotado, inconscientemente lhe ensinou que a
paternidade de uma ideia não é o mais importante e que o que importa mesmo é
compreende-la e faze-la existir com sucesso.
Não se engane.
Jobs mudou a sua vida de maneira muito mais drástica que a maioria
dos, por exemplo, ganhadores de prêmios Nobel.
E será lembrado como tal.
Como o vetor de mudança de toda uma era.
Hoje ele deixa a Apple com um futuro sólido pela frente. Deixa a Apple
como a empresa mais valiosa do mundo e com mais caixa até que os cofres dos EUA,
e esse talvez seja seu último legado.
Finalmente, para nós, fica a gratidão e a saudade do seu “oh..and
there is one more thing…“
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Este texto, inspirado em Michael Steitzman, é uma homenagem às
milhares de horas que já passei diante das telas de Steve Jobs.
TEXTO RETIRADO DE NCPM
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