Nunca estive tão pessimista como atualmente. A razão é simples.
O mundo está mal administrado, a Europa e EUA estão acumulando problemas um atrás do outro, e não estão resolvendo nenhum.
Pior ainda, a chance de resolvê-los é quase nula. Isto porque o diagnóstico do problema está totalmente equivocado.
1. Obama e o Council of Economic Advisors estão preocupados em reempregar os 3% de desempregados desde 2008, e nada fazem para acalmar os 54% de americanos que temem perder o emprego nos próximos 12 anos e que não estão comprando nada. E estes já estão empregados. E acrescentar mais 3%, em nada resolverá o problema.
2. A Crise não é de Wall Street, e sim do Super Endividamento das Famílias Americanas causado pelo mega incentivo fiscal Keynesiano, que permite deduzir o Juro NOMINAL das Hipotecas Imobiliárias do Imposto de Renda.
Bernanke e o Council of Economic Advisors, ao reduzirem o Juro NOMINAL pela metade - de 7% para 3,5%, reduziram o "stimulus" pela metade, dobrando o custo de uma casa própria. Ou seja, paralisaram o setor imobiliário em 300.000 casas por ano, apesar de 1.500.000 de americanos pretenderem se casar e criar família por ano.
Infelizmente a mídia, os intelectuais e os economistas estão culpando seus colegas de Wall Street, que foram tão vítimas das besteiras de Obama e Bernanke quanto o resto da população.
Por que a mídia, os intelectuais e os outros economistas não comentam estes dois pontos que são óbvios e clarividentes para qualquer leigo?
Medo de perder o emprego e reduzir pela metade subsídios numa recessão, são sim, problemas que precisam ser resolvidos.
Mas não o são.
Mais de 40.000 leitores deste blog e do @stephenkanitz já estão cansados de ouvir tudo isto, espalham o que leram, mas estas ideias não vingam.
Nenhum jornalista, desesperado para ter uma visão nova, interessante, diferente, sequer transcreveu ou citou estes dois problemas nos grandes jornais.
Por quê?
Porque o ser humano quer ter uma explicação rápida para os fenômenos que não entendem.
Ninguém quer ficar na dúvida, todos nós precisamos avaliar rapidamente situações "estranhas".
Só que agora estamos na era do jornalismo internet. A pressão para dar uma explicação plausível é uma questão de horas ou até minutos.
E o primeiro idiota que der uma explicação minimamente crível, será noticiado e retransmitido rapidamente.
O primeiro a dizer que "Foi a ganância de sempre de Wall Street", foram os "Ricos de sempre", conseguirá conquistar os corações e mentes de milhares de pessoas.
Coloque um pouco de ideologia, dos 50% dos americanos que são democratas e que sempre acharam que Wall Street e os ricos são o problema do mundo, e você já tem uma razão plausível disseminada.
Foram os tempos em que uma Comissão Interdisciplinar de Inquérito, congregando Professores Titulares das mais conceituadas universidades, debatendo por 15 dias a fio, concluírem com o White Paper ou Livro Branco as causas do problema, as verdadeiras, e um plano de ação.
Hoje temos uma infinidade de opiniões e grupos de estudo, todos com uma agenda oculta, sugerindo meses depois as soluções e diagnósticos diferentes.
Uma única delas é a correta, mas esta solução ficará perdida no hiper espaço.
O jornalismo investigativo e profissional, e que deveria separar o joio do trigo, não existe mais.
Ou são jornalistas velhos de 70 anos com 50 de casa, contaminados e desatualizados, ou são focas de 23 anos ainda inseguros e que jamais irão se arriscar indo contra a corrente dos "É Wall Street".
Portanto, o mundo está à deriva.
Só que agora estamos com ventos e tempestades, das piores.
Só em filmes de Hollywood um obscuro cientista que sabe que o mundo corre grave perigo consegue falar imediatamente com o Presidente, graças à amizade de seu assessor de imprensa.
As chances de alguém explicar a verdade para o Obama são nulas, e as chances de ele concordar que não é "Wall Street e os ricos", menores ainda.
Os Estados Unidos provavelmente irão entrar em colapso por erro de diagnóstico. Vão gastar fortunas, o pouco que resta, em soluções equivocadas.
Roubini continuará a prever o desastre, esquecendo como sempre de acrescentar "se nada for feito".
Só que desta vez, nada será feito porque gastaram todos os recursos no problema errado.
E aí, a queda é livre.
*Stephen Kanitz é Consultor, Administrador de Empresas, Conferencista.
No twitter: @StephenKanitz
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