Pessoal, tempos atrás, eu publiquei um post que comentava a iniciativa MIX – Management Inovattion Exchange. Iniciativa que era liderada pelo professor Gary Hamel e que tinha como objetivo criar um espaço de inovação aberta focada em práticas de gestão inovadoras ligadas aos 25 desafios da Gestão 2.0 criados pela chamada “Brigada de Renegados” liderada por ele. Desde então venho sempre acompanhando as iniciativas que são publicadas no site.
Recentemente, o professor Gary Hamel publicou um artigo muito interessante sobre empoderar (empowering) líderes naturais. Segundo o professor, nos próximos anos, qualquer líder que espera ter seguidores para liderar terá de examinar cuidadosamente as bases de sua própria autoridade. Por quê? Porque vivemos em um mundo onde a eficácia do poder do cargo ou da posição que você ocupa está diminuindo rapidamente, pelo menos fora das prisões.
Já escrevi isso anteriormente, a crise financeira pela qual o mundo passou em 2008 foi na verdade uma vingança da nova economia em cima da velha economia. Velha economia baseada em pressupostos de ganha-perde, de valorização do acionista acima de tudo e em detrimento de valores morais e éticos, focando no resultado financeiro acima tudo em detrimento de valorizar clientes e, principalmente, funcionários em primeiro lugar.
Afinal de contas, sem eles não existe razão para uma empresa existir. Lembrando Peter Drucker: “Uma organização que visa o lucro é, não apenas falsa, mas também irrelevante. O lucro não é a causa da empresa, mas sua validação. Se quisermos saber o que é uma empresa, devemos partir de sua finalidade, que será encontrada fora da própria empresa. Essa finalidade é: CRIAR UM CLIENTE ”
Graças a crise financeira e a falta de responsabilidade de empresas como, por exemplo, Enron, Lehman Brothers e AIG, a geração que está chegando ao ambiente de trabalho, que o professor Gary Hamel chama de “Geração Facebook” e outros autores chamam de “Geração Y”, tem uma visão extremamente ruim do conceito de autoridade.
Eles estão profundamente (e muitas vezes com razão) desconfiando das grandes organizações e de quem as dirigem. Na sua opinião, não são títulos e credenciais que fazem um líder vale a pena seguir, mas a missão, auto-sacrifício e competência de classe mundial. Outra tendência preocupante, para quem ainda acredita em centralização do poder da liderança, é o ritmo acelerado das mudanças que penaliza as organizações com estruturas pesadas de processo decisório do tipo top-down e que tem como resultado a baixa autonomia para decisão de quem está em contato direto com o cliente, razão de ser de qualquer empresa.
Se por um lado, Geração Facebook ainda tem de lidar com estruturas como as descritas acima no trabalho e na escola, presas pelos preceitos da velha economia, eles tiveram uma alternativa onipresente e poderosa: A Internet. A Internet é plana, aberta e distribuída. Na Internet existem milhares de hierarquias naturais online. Escolha qualquer assunto, pesquise na blogosfera, e você vai descobrir uma hierarquia de influência, baseada na relevância, conteúdo e confiabilidade, o que faz com que alguns blogs recebem pontuação maior autoridade do que outros.
Visite qualquer grupo de discussão on-line e você verá que alguns contribuintes freqüentes foram classificados mais altamente do que o resto. O medidor da relação pode variar de local para local, mas os rankings são quase sempre baseado na camaradagem, na ação voluntária de construir para algo melhor.
É claro que isso traz muitos riscos de exposição, pois a vida On-line tem milhões de críticos, mas, por outro lado, você não tem um chefe, a não ser a comunidade a qual você está conectado. hierarquias Online são inerentemente dinâmicas. No momento em que alguém deixa de agregar valor à comunidade, a sua influência começa a diminuir. O poder é sempre em movimento, sempre fluindo, para aqueles que estão fazendo a diferença e longe daqueles que não estão.
Por outro lado, uma cadeia de comando fixa pode ser eficiente, mas pode ter alguns efeitos colaterais desagradáveis como transformar funcionários em automatos sem capacidade de arriscar e inovar, lutas políticas por vantagem, além de desencorajar os dissidentes, aqueles que querem levar a empresa a um novo patamar e investem seu capital emocional no futuro da empresa.
Sua inflexibilidade inerente também pode levar a desalinhamentos persistentes entre o poder posicional e capacidade de liderança genuína – defasagens que podem destruir uma grande organização. Para saber mais, leia sobre a história conturbada de qualquer empresa estrangulada cronicamente por essas estruturas ultrapassadas como a Chrysler, a Sony ou a Motorola e você vai encontrar um modelo de gestão que concentra poder demais nas mãos de executivos, e concedeu muito pouco poder para os líderes naturais que poderiam ter tido a energia e visão para definir um novo curso para a empresa.
Mas não há razão para a sua organização seguir esse roteiro. Os líderes naturais hoje em dia tem os meios para contestar esse modelo de gestão baseado em premissas que já não tem nenhum valor na nova economia.
Graças ao alcance da Web, um líder humilde, mas muito eficaz é capaz de mobilizar seguidores em uma organização global, não só por escrever um blog influente, mas usando essa notoriedade para construção de uma coalizão online de indivíduos cujos objetivos pessoais se alinham e se conectam, através da divulgação de um documento de posição provocante para centenas ou milhares de colegas, buscando obter o melhor da diversidade e inteligência coletiva presente na empresa para enfrentar grandes desafios de transformação nas empresas.
Afinal de contas, como seres humanos, somo definidos pelas causas a que servimos e pelos problemas que lutamos para superar. É a paixão em solucionar problemas extraordinários que cria o potencial de realizações extraordinárias.
Um abraço.
Formado em ciência da computação pelo Uniceub em Brasília e MBA em planejamento e gestão empresarial pela Universidade Católica de Brasília.
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