Consultor chama atenção para a reflexão do compromisso e participação social das pessoas na ação política
Quem já ouviu falar da Lei nº 9.504/97? Acredito que você já está familiarizado com a famosa “tela azul” no horário nobre indicando o início da propaganda eleitoral gratuita. Mas hoje, não vou falar sobre o discurso dos candidatos, mas sim de algo mais importante: o compromisso e a participação social das pessoas, compromisso que está além do período de eleição.
Meus leitores já me conhecem por minha defesa das competências emocionais como ferramentas de ganho pessoal e social. Em meus artigos e em meu livro afirmo o autoconhecimento, o autocontrole, a automotivação, a empatia e as habilidades sociais como mecanismos de sustentabilidade das relações em sociedade. Vou falar sobre as habilidades sociais como ganho de ação política. Mas vamos antes dar um “pulinho” na Grécia Antiga para expandir a nossa noção de ato político: a participação no setor social.
Todos aprendemos na escola, que os gregos tiveram grande importância na criação da noção de política. Para os gregos, a polis (cidade) deveria ser uma comunidade de iguais, em que o debate aberto sobre as questões urgentes era tomado com toda a seriedade possível. Protágoras, pensador da época, afirmava a importância de se ouvir a cada homem, porque acreditava que todos mereciam participar da virtude de expressar opiniões políticas.
Ora, estamos nada mais nada menos do que no berço da democracia: (grego: démokratía – demos = 'povo' + kratía = 'força, poder'). Mas será que este desejo do pensador existe atualmente? Estaríamos todos nós abertos a um debate político? Ou melhor, estaríamos preparados para exercer ações políticas e sociais em nosso cotidiano?
Conversando com um amigo sobre qualidade de vida, acabamos entrando no assunto de que ele, por trabalhar próximo de sua residência, pode ir tranquilamente almoçar com sua família e desfrutar do conforto de sua poltrona. Assim, em um desses almoços em frente à TV com sua filha de 16 anos, eis que surge a famosa tela azul do horário eleitoral. Imediatamente ele disse ter procurado o controle remoto para colocar no canal de esportes. Porém, sua filha o surpreende dizendo que é importante ver as propostas dos candidatos.
Esta cena me faz pensar em uma noção de ética e sustentabilidade, pertinente às habilidades sociais. O modelo mental da garota de apenas 16 anos foi participar da discussão política e assim mobilizar seu pai a fazer o mesmo. Mas este interesse deve acontecer apenas em época de eleição? Como anda nosso “patrulhamento” social? Será que estamos agindo politicamente em nosso dia a dia? Bastaria apenas saber quais são as propostas dos candidatos para votar ou uma participação em movimentos comunitários também é bem vinda?
Compartilho com você um exemplo pessoal. Quando era mais jovem, época em que Jânio Quadros era prefeito de São Paulo, certa vez participei de uma ação pública de abraçar a praça Trianon, em frente ao MASP, no coração da Avenida Paulista, em São Paulo. Qual foi o motivo? Estávamos expressando uma oposição à abertura de um estacionamento no local. Um ato simbólico para defender um território.
Em uma de minhas recentes palestras em uma escola, tentei mostrar aos alunos a importância da carreira universitária. Dentro dos tópicos que abordei estava a inclusão de desenvolvimento de causas sociais. Ou seja, uma proposta de mostrar a importância da universidade como setor conectado ao ambiente social e não apenas como uma atmosfera formadora de carreiras. O universitário deve resgatar a consciência de que seus atos podem ajudar a construir uma sociedade melhor.
É de extrema importância defender a participação política em todos os sentidos, seja essa participação em causas sociais (ONGs) e até mesmo o voluntariado. Professores e pedagogos têm a grande missão de trazer um pouco do mundo real, não para assustar ou imprimir um tom desesperador em seus alunos, mas trazer um pouco do processo social e mostrar que podemos fazer a diferença. É momento de auxiliar e contribuir para o conceito da sustentabilidade. Vale salientar que um projeto de voluntariado bem coordenado é uma maneira efetiva de pensar a sustentabilidade social. Devemos pesquisar se na empresa em que trabalhamos não existe alguma associação ou coletivo de ação social que promova ações nas comunidades em que podemos participar.
Segundo o pensador francês Alain Finkielkraut, não se preocupe tanto com o mundo que você deixará, mas com os filhos que você deixará. Estamos em um momento de urgência para formar nossos filhos como bons cidadãos, conscientes das diferentes faces do ambiente social.
O comportamento e a atitude da filha de meu amigo nos mostra a importância de coletar informações para votar, um voto consciente. Agora é o momento de construir uma geração cada vez mais consciente do poder do voto.
Sempre acreditei que a ética é uma disciplina capaz de fazer as pessoas mais fortes e autônomas. Ética nada mais é do que a manutenção da polis, a manutenção das forças essenciais de uma cidade pelo vetor da participação.
É hora de pensar o triângulo da ética, política e sustentabilidade como maneira de manter a polis em funcionamento. “Participação” é uma das palavras mágicas da competência emocional “habilidades sociais”.
Texto de Minoru Ueda (Professor da Fundação Instituto de Administração – FIA-USP. Docente e consultor pelo SENAC. Coautor no livro "Ser Mais Líder", Editora SerMais, 2010. Orientador no Programa de Mentoring, projeto da Associação dos Engenheiros Politécnicos – AEP, em parceria com a POLI-USP e desenvolvido pela FEA-USP. É conferencista na área comportamental. E-mail: ueda@minoruueda.com.br – Blog: http://minoruueda.blogspot.com) e retirado da HSM Online (www.hsm.com.br)
Quem já ouviu falar da Lei nº 9.504/97? Acredito que você já está familiarizado com a famosa “tela azul” no horário nobre indicando o início da propaganda eleitoral gratuita. Mas hoje, não vou falar sobre o discurso dos candidatos, mas sim de algo mais importante: o compromisso e a participação social das pessoas, compromisso que está além do período de eleição.
Meus leitores já me conhecem por minha defesa das competências emocionais como ferramentas de ganho pessoal e social. Em meus artigos e em meu livro afirmo o autoconhecimento, o autocontrole, a automotivação, a empatia e as habilidades sociais como mecanismos de sustentabilidade das relações em sociedade. Vou falar sobre as habilidades sociais como ganho de ação política. Mas vamos antes dar um “pulinho” na Grécia Antiga para expandir a nossa noção de ato político: a participação no setor social.
Todos aprendemos na escola, que os gregos tiveram grande importância na criação da noção de política. Para os gregos, a polis (cidade) deveria ser uma comunidade de iguais, em que o debate aberto sobre as questões urgentes era tomado com toda a seriedade possível. Protágoras, pensador da época, afirmava a importância de se ouvir a cada homem, porque acreditava que todos mereciam participar da virtude de expressar opiniões políticas.
Ora, estamos nada mais nada menos do que no berço da democracia: (grego: démokratía – demos = 'povo' + kratía = 'força, poder'). Mas será que este desejo do pensador existe atualmente? Estaríamos todos nós abertos a um debate político? Ou melhor, estaríamos preparados para exercer ações políticas e sociais em nosso cotidiano?
Conversando com um amigo sobre qualidade de vida, acabamos entrando no assunto de que ele, por trabalhar próximo de sua residência, pode ir tranquilamente almoçar com sua família e desfrutar do conforto de sua poltrona. Assim, em um desses almoços em frente à TV com sua filha de 16 anos, eis que surge a famosa tela azul do horário eleitoral. Imediatamente ele disse ter procurado o controle remoto para colocar no canal de esportes. Porém, sua filha o surpreende dizendo que é importante ver as propostas dos candidatos.
Esta cena me faz pensar em uma noção de ética e sustentabilidade, pertinente às habilidades sociais. O modelo mental da garota de apenas 16 anos foi participar da discussão política e assim mobilizar seu pai a fazer o mesmo. Mas este interesse deve acontecer apenas em época de eleição? Como anda nosso “patrulhamento” social? Será que estamos agindo politicamente em nosso dia a dia? Bastaria apenas saber quais são as propostas dos candidatos para votar ou uma participação em movimentos comunitários também é bem vinda?
Compartilho com você um exemplo pessoal. Quando era mais jovem, época em que Jânio Quadros era prefeito de São Paulo, certa vez participei de uma ação pública de abraçar a praça Trianon, em frente ao MASP, no coração da Avenida Paulista, em São Paulo. Qual foi o motivo? Estávamos expressando uma oposição à abertura de um estacionamento no local. Um ato simbólico para defender um território.
Em uma de minhas recentes palestras em uma escola, tentei mostrar aos alunos a importância da carreira universitária. Dentro dos tópicos que abordei estava a inclusão de desenvolvimento de causas sociais. Ou seja, uma proposta de mostrar a importância da universidade como setor conectado ao ambiente social e não apenas como uma atmosfera formadora de carreiras. O universitário deve resgatar a consciência de que seus atos podem ajudar a construir uma sociedade melhor.
É de extrema importância defender a participação política em todos os sentidos, seja essa participação em causas sociais (ONGs) e até mesmo o voluntariado. Professores e pedagogos têm a grande missão de trazer um pouco do mundo real, não para assustar ou imprimir um tom desesperador em seus alunos, mas trazer um pouco do processo social e mostrar que podemos fazer a diferença. É momento de auxiliar e contribuir para o conceito da sustentabilidade. Vale salientar que um projeto de voluntariado bem coordenado é uma maneira efetiva de pensar a sustentabilidade social. Devemos pesquisar se na empresa em que trabalhamos não existe alguma associação ou coletivo de ação social que promova ações nas comunidades em que podemos participar.
Segundo o pensador francês Alain Finkielkraut, não se preocupe tanto com o mundo que você deixará, mas com os filhos que você deixará. Estamos em um momento de urgência para formar nossos filhos como bons cidadãos, conscientes das diferentes faces do ambiente social.
O comportamento e a atitude da filha de meu amigo nos mostra a importância de coletar informações para votar, um voto consciente. Agora é o momento de construir uma geração cada vez mais consciente do poder do voto.
Sempre acreditei que a ética é uma disciplina capaz de fazer as pessoas mais fortes e autônomas. Ética nada mais é do que a manutenção da polis, a manutenção das forças essenciais de uma cidade pelo vetor da participação.
É hora de pensar o triângulo da ética, política e sustentabilidade como maneira de manter a polis em funcionamento. “Participação” é uma das palavras mágicas da competência emocional “habilidades sociais”.
Texto de Minoru Ueda (Professor da Fundação Instituto de Administração – FIA-USP. Docente e consultor pelo SENAC. Coautor no livro "Ser Mais Líder", Editora SerMais, 2010. Orientador no Programa de Mentoring, projeto da Associação dos Engenheiros Politécnicos – AEP, em parceria com a POLI-USP e desenvolvido pela FEA-USP. É conferencista na área comportamental. E-mail: ueda@minoruueda.com.br – Blog: http://minoruueda.blogspot.com) e retirado da HSM Online (www.hsm.com.br)
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